Os Estados Unidos abandonarão o acordo nuclear iraniano caso não consigam mudanças que tornem permanentes algumas de suas proibições e restrinjam o desenvolvimento de mísseis balísticos intercontinentais pelo país islâmico, disse nesta sexta-feira (13) o presidente Donald Trump. "Se não conseguirmos acordo com o Congresso e nossos aliados, o acordo será rescindido", afirmou. "Ele pode ser rescindido por mim a qualquer momento."
O líder americano acusou o Irã de ser o principal promotor do terrorismo internacional e se referiu a seu governo como uma "ditadura" e um "regime fanático" que provocou "morte, destruição e caos" ao redor do mundo.
Trump afirmou que Teerã violou elementos do pacto de 2015, o que contraria conclusão de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica e de integrantes de seu próprio governo.
O presidente usou o suposto desrespeito de obrigações previstas no acordo para justificar sua decisão de não enviar ao Congresso documento que certifica o cumprimento do pacto pelo Irã. O prazo para realizar a comunicação vence no domingo. Sem isso, os parlamentares terão 60 dias para decidir se restabelecem ou não sanções contra o Irã.
Trump quer um caminho alternativo, pelo qual o Congresso aprova legislação com exigências adicionais relativas a mísseis e ao prazo de validade do acordo. Se violadas, eles levariam ao restabelecimento automático das sanções.
A posição americana enfrenta resistência, em diferentes graus, de todos os outros participantes do acordo: Irã, China, Rússia, Alemanha, França, Inglaterra e União Europeia.
Segundo eles, o pacto está funcionando e não há violações que justifiquem o seu abandono. Os europeus sustentam que os EUA devem tratar de outras questões não relativas ao programa nuclear fora do âmbito do acordo, em negociação direta com o Irã.
Também afirmam que manterão o pacto, mesmo sem a participação dos Estados Unidos.
Na avaliação de Trump, o acordo é um dos piores já negociados pelos Estados Unidos.
O presidente afirmou que as sanções foram levantadas no momento em que o regime iraniano estava prestes a entrar em colapso. "Ele deu à ditadura iraniana uma salvação política e econômica", disse Trump, que começou seu discurso com referências aos principais conflitos entre os dois países desde a revolução islâmica de 1979.