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| Foto: JEWEL SAMAD/AFP

É possível “engolir” Donald Trump? Eis a pergunta que muitos caciques republicanos se fazem depois de quarta (3), quando o magnata deixou para trás 16 adversários, de uma estrela ascendente (Marco Rubio) ao sucessor de uma dinastia (Jeb Bush), e se firmou como candidato à Casa Branca.

As primeiras reações mostram que, antes da guerra com Hillary Clinton, ele terá de vencer uma batalha em casa – já há, entre os conservadores, quem declare preferir a democrata a ele.

Trump rachou o partido, a começar pelos ex-oponentes. O empresário venceu em Indiana na terça (3), atingiu 1.053 dos 1.237 delegados necessários para selar a candidatura na convenção e, em menos de 24 horas, Ted Cruz e John Kasich, que prometiam lutar até o último voto, saíram da corrida.

Até março, sua Trump Tower abrigava um “Muro da Vergonha”: fotos dos derrotados com expressões tristes.

Agora Trump quer fazer as pazes. Ao saber da desistência, disse que Cruz tem “futuro brilhante”. Horas antes era “Ted Mentiroso”.

Cruz resiste a dizer se apoiará o republicano. Antes de abandonar a disputa, desferiu seus mais duros golpes naquele que considera “absolutamente amoral”.

O recuo de Kasich, na tarde de quarta (4), também surpreendeu. Pela manhã, ele lançou um vídeo parodiando “Star Wars”, cujos fãs celebravam seu dia, para dizer que “numa galáxia não tão distante” os EUA eram governados por uma democrata.

A força, no entanto, não estava com o governador de Ohio: ele tinha 153 delegados, restando só 445 dos 2.472 existentes para serem definidos nas próximas prévias. Foi cortejado como possível vice.

Jeb Bush, que começou como preferido e afundou, disse não ver Trump “como uma pessoa séria”, após escutá-lo falar sobre política externa.

Já Rubio, que há meses se negava a aceitá-lo como “candidato da legenda de Abraham Lincoln e Ronald Reagan”, agora pede: “Olha, não vamos dividir o partido”.

Tarde demais? “Estou com ela [Hillary]”, afirmou Mark Salter, que escrevia discursos para o senador e ex-presidenciável John McCain.

Em abril, Charles Koch, nono maior bilionário na lista da “Forbes” (Trump é o 324) e aliado de longa data dos republicanos, disse ser “possível” que a ex-secretária de Estado fosse um “mal menor”.

“A pergunta é se eles [potenciais formadores de opinião] migrarão mesmo para Hillary ou esperarão a tempestade passar para recolher os cacos e reformar o partido após 2016”, diz Christopher Sabatini, professor da Universidade Columbia.

Tentar deter o magnata é caro. Movimentos anti-Trump gastaram cerca de US$ 75 milhões em mais de 64 mil comerciais de TV.

E Trump não está só. Tem a seu lado nomes como a ex-governadora e ex-candidata a vice Sarah Palin, estrela do movimento ultraconservador Tea Party, e os ex-rivais Ben Carson e Chris Christie, governador de Nova Jersey.

Com John Boenher, o ex-presidente da Câmara que comparou Cruz a Lúcifer, joga golfe e troca mensagens no celular. O presidente da legenda, Reince Priebus, até então um desafeto, mudou o discurso: “Algo novo provavelmente é bom para nós”.

Eleitores responderam enviando vídeos em que queimavam seu registro republicano. Uma jovem publicou montagem de Julie Andrews em “Noviça Rebelde”, livre pelas montanhas: “Um retrato meu fora do partido”.

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