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Aliança militar

Trump confronta Macron antes da cúpula da Otan

O presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da França, Emmanuel Macron, se encontram em Londres antes da cúpula de líderes da Otan, 3 de dezembro de 2019 (Foto: Ludovic MARIN / POOL / AFP)

O presidente dos EUA, Donald Trump, criticou nesta terça-feira (3) os comentários feitos recentemente pelo presidente francês, Emmanuel Macron, sobre o estado da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), dizendo que eles foram "muito, muito desagradáveis" e "muito desrespeitosos".

Referindo-se aos comentários que o presidente Macron fez no mês passado em uma entrevista à revista Economist - quando Macron disse que a Otan estava com "morte cerebral", resultado do fracasso dos Estados Unidos em consultar seus aliados - Trump atacou Macron no primeiro dia da cúpula de 70 anos da Otan em Londres, chamando os comentários de "muito insultuosos".

"Você não pode sair por aí fazendo declarações como essa sobre a Otan", disse Trump, sentado ao lado do secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, na manhã de terça-feira. Embora o próprio Trump tenha sido abertamente um crítico da Otan - uma postura combativa que alarmou os aliados ocidentais e pareceu suscitar os comentários de Macron - Trump se ofendeu com a avaliação da aliança pela França e descreveu a França como beneficiária da generosidade americana.

"Eu diria que ninguém precisa mais da Otan que a França", disse Trump. "É por isso que acho que, quando a França faz uma declaração como a que fez sobre a Otan, essa é uma declaração muito perigosa para eles."

Trump moderou seu discurso horas depois, quando sentou-se ao lado de Macron durante uma reunião individual pré-agendada. Na Winfield House em Londres, onde Trump está hospedado, os presidentes ainda articularam suas divergências, mas com um verniz de conciliação.

Trump disse que ele e Macron tinham um "pequena desacordo" que ele esperava que eles pudessem resolver - uma referência ao plano da França de tributar gigantes da tecnologia dos EUA e a ameaça dos EUA de retaliar com tarifas de até 100% os produtos franceses.

"Mas preferimos não fazer isso", disse Trump. "Mas ou vai dar certo ou vamos elaborar uma tarifa mutuamente benéfica. E a tarifa será substancial, e não tenho certeza de que chegará a esse ponto, mas é possível."

Macron reiterou que não estava voltando atrás em seus comentários à Economist. "Eu sei que minhas declarações criaram algumas reações", disse Macron. "Eu as mantenho."

Ele acrescentou: "Quando falamos da Otan, não se trata apenas de dinheiro. Temos que ser respeitosos com nossos soldados. O primeiro fardo que compartilhamos, o primeiro custo que pagamos, é a vida de nossos soldados".

Em outro momento jocoso, Trump virou-se para Macron e sugeriu que a Europa - e o presidente francês em particular - deveria assumir mais responsabilidade em trazer de volta os combatentes do Estado Islâmico capturados.

"Vocês querem alguns combatentes bacanas do EI?", Trump perguntou com um sorriso irônico. "Eu posso entregá-los a vocês".

A pergunta retórica provocou uma bronca de Macron. "Vamos falar sério", disse Macron. "Um número muito grande de combatentes que estão no local são combatentes do EI vindos da Síria, do Iraque e da região. É verdade que existem combatentes estrangeiros vindos da Europa, mas eles são uma parte mínima do problema geral que temos na região."

O debate terminou com Trump provocando Macron mais uma vez: "É por isso que ele é um grande político", disse Trump, "porque essa é uma das maiores não-respostas que eu já ouvi, e está tudo bem".

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