Nesta quinta-feira (12), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse a representantes do alto escalão do governo que deve avaliar o reingresso do país no Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica (TPP), o acordo comercial internacional do qual ele mesmo retirou os Estados Unidos pouco depois de assumir o cargo. O Pacto Transpacífico foi proposto pelo governo Obama como uma maneira de conter a influência da China.
Trump deu as novas ordens ao representante de Comércio dos EUA, Robert Lighthizer, e ao diretor do Conselho Econômico Nacional, Larry Kudlow, durante uma reunião com legisladores e governadores sobre questões comerciais, segundo informaram dois senadores do Partido Republicano.
Iniciar negociações para reingressar no TPP seria parte de uma estratégia mais ampla da Casa Branca para responder a uma crescente embate comercial entre Trump e Pequim. Trump está buscando maneiras de reprimir o que ele acredita serem práticas comerciais injustas da China, mas está tendo dificuldades para mobilizar outros países que apoiem sua pressão de impor novas tarifas ou aumentar os custos das exportações e importações para a China.
O presidente também está enfrentando uma forte reação dos parlamentares republicanos, particularmente aqueles que representam regiões agrícolas onde a ameaça de retaliação da China contra as exportações dos EUA seriam duras.
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Trump contra o TPP
O TPP é um acordo comercial entre os Estados Unidos, Canadá, México, Japão, Vietnã, Cingapura, Austrália e vários outros países assinado no início de 2016, com o objetivo de fortalecer os laços econômicos entre os membros e dar-lhes mais alavancagem ao lidar com a China.
Nos Estados Unidos, no entanto, o acordo nunca entrou em vigor, porque Trump retirou o país da parceria três dias depois que foi empossado. No início do ano, os demais países ratificaram uma versão do TPP sem os Estados Unidos.
Trump nunca explicou exatamente por que ele se opunha ao TPP, mas já mostrou uma relutância geral em fazer acordos comerciais multilaterais porque acredita que estes permitem que os Estados Unidos sejam roubados.
Mas ele não foi o único a se opor ao TPP durante a campanha presidencial de 2016. Sua rival democrata, Hillary Clinton, também disse que não planejava ratificar o acordo, mesmo depois de ter tido um papel em sua criação durante o período em que foi secretária de Estado do presidente Barack Obama.
Em busca de aliados contra a China
Trump não deu ao Japão, um dos aliados mais próximos dos EUA, isenção de novas tarifas de aço e alumínio, tornando menos provável que eles defendessem a Casa Branca em uma possível guerra comercial. Mas reingressar no pacto poderia unir Trump a outros parceiros comerciais para pressionar Pequim a permitir mais importações para a China ou arriscar ser alienado por outros países asiáticos, que agora receberiam novos benefícios comerciais dos EUA como parte do acordo.
Ainda assim, resta saber exatamente o que Trump gostaria de ver em um novo TPP e se a ideia é apenas uma fantasia passageira para a Casa Branca ou uma iniciativa séria que eles planejam lançar.
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