O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou, nesta segunda-feira (8), a Guarda Revolucionária do Irã –uma divisão das forças armadas do Irã – como uma organização terrorista estrangeira.
É a primeira vez que um órgão oficial de um país estrangeiro vai ser oficialmente designado como uma organização terrorista pelos EUA.
O anúncio ocorre em um momento em que a administração Trump busca novas maneiras de pressionar o Irã, econômica e politicamente. Também chega um dia antes das eleições israelenses, nas quais o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está buscando um quinto mandato com promessas agressivas de combater o comportamento iraniano em todo o Oriente Médio.
"Esta ação envia uma mensagem clara a Teerã de que seu apoio ao terrorismo tem sérias consequências", disse Trump em um comunicado. "Continuaremos a aumentar a pressão financeira e elevar os custos do regime iraniano por seu apoio à atividade terrorista até que abandone seu comportamento maligno e fora da lei".
A designação terrorista, que entra em vigor em 16 de abril, permitirá que a administração Trump busque penalidades criminais contra elementos da Guarda Revolucionária Iraniana e autoridades estrangeiras que os auxiliarem. Washington também poderá proibir viagens de indivíduos associados à Guarda para os Estados Unidos.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, e o conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton, defenderam a medida, embora ela contrarie alertas de oficiais militares e de inteligência americanos, inclusive o general Joe Dunford, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, que expressou preocupação com a segurança das tropas americanas. Militares falaram que os impactos na economia iraniana não seriam tão importantes, mas que a declaração poderia incitar violência contra as forças dos Estados Unidos no Oriente Médio.
Os motivos
O comunicado da Casa Branca disse que o passo sem precedentes "reconhece a realidade de que o Irã não é apenas um Estado Patrocinador do Terrorismo, mas que a Guarda Revolucionária Iraniana participa ativamente, financia e promove o terrorismo como uma ferramenta de governo".
Trump disse que a Guarda é "o principal meio do governo iraniano de dirigir e implementar sua campanha terrorista global".
Autoridades americanas há muito tempo afirmam que a estrutura e as funções obscuras do grupo deram uma máscara para atividades terroristas que ameaçam israelenses, europeus e forças norte-americanas.
Resposta do Irã
A reação do Irã veio horas depois. De acordo com a BBC, o conselho de segurança nacional do Iran declarou o Comando Central dos EUA (Centcom) como uma organização terrorista depois que o ministro das Relações Exteriores, Javad Zarif, escreveu ao presidente Hassan Rouhani pedindo essa resposta.
O Centcom é a ala do Pentágono que supervisiona os interesses de segurança de Washington na área central do mapa mundi, principalmente no Afeganistão, Iraque, Irã, Paquistão e Síria.
O que é a Guarda Revolucionária Iraniana
A Guarda Revolucionária Iraniana é uma unidade militar originalmente criada como segurança para os governantes clericais do Irã.
Tornou-se a organização de segurança mais poderosa do Irã, com influência política e interesses quase incontroláveis nos negócios, no setor imobiliário e em outras áreas da economia.
Os Estados Unidos culpam a Guarda por facilitar mortes de membros do serviço dos EUA no Iraque e em outros lugares, por meio de financiamento, treinamento e apoio de armas a redes terroristas.
Mark Dubowitz, presidente da Fundação para a Defesa das Democracias, disse que a designação é bem-vinda.
"É apropriado que o grupo terrorista mais perigoso do mundo, responsável pela morte de dezenas de milhares de inocentes e apoiado por um aparato estatal massivo e vasta riqueza energética, seja finalmente designado como uma organização terrorista estrangeira", disse Dubowitz.