O presidente dos EUA, Donald Trump, fala com a imprensa após encontro com senadores republicanos no Congresso americano, 19 de maio. Trump defendeu sua decisão de tomar um medicamento sem eficácia comprovada para a prevenção de Covid-19| Foto: Drew Angerer/ Getty Images/ AFP
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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu nesta terça-feira, 19, a sua decisão de se medicar com hidroxicloroquina como prevenção ao novo coronavírus. "Acho que dá um nível adicional de segurança", comentou ele a repórteres, após reunião com senadores republicanos em Washington.

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Trump revelou ontem que está fazendo uso do medicamento, contrariando as recomendações do seu próprio governo, que alertou sobre os riscos de efeitos colaterais graves da droga e falta de evidências sobre a sua eficácia (veja a posição do FDA ao final da matéria).

O presidente americano disse que, em uma pesquisa à qual teve acesso, que indicava resultados ruins da hidroxicloroquina, o medicamento havia sido ministrado a "pessoas muito doentes, quase mortas. Foi uma declaração de inimigos de Trump", o que para ele teria influenciado os resultados.

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Trump aparentemente estava se referindo a um estudo feito com centenas de pacientes de centros médicos de veteranos dos Estados Unidos, pontuou o The Guardian. Esse estudo mostrou que a hidroxicloroquina não diminuiu a necessidade de respirador artificial e ao índice de mortes foi maior entre os pacientes que tomaram o remédio.

Por outro lado, ele disse que há relatos de uso do medicamento por profissionais na linha de frente da batalha contra o vírus na Itália, na França e em outros lugares.

"Ela não machuca as pessoas, está no mercado há 60 anos ou mais", disse ele, lembrando que o medicamento já é usado para outras doenças, como a malária. Algumas pesquisas recentes, porém, concluíram que a cloroquina e a hidroxicloroquina aumentam o risco de arritmias cardíacas e são ineficazes contra a Covid-19.

Ontem, Trump afirmou que estava tomando um comprimido de hidroxicloroquina ao dia, havia algumas semanas, mas que não tinha sintomas de coronavírus e nem havia sido exposto à doença. Ele disse que tinha consultado um médico da Casa Branca sobre o assunto.

Uma porta-voz de Trump confirmou nesta terça-feira que o presidente está tomando o medicamento para tentar se proteger do vírus. "Eu posso absolutamente confirmar isso", disse Kayleigh McEnany à CBS News. "O próprio presidente disse que está tomando. Este é um fato. Ele disse. A palavra do presidente deve valer", completou.

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A Casa Branca divulgou na noite de segunda-feira um comunicado assinado pelo médico de Trump, Sean P. Conley, que não confirmou e nem desmentiu que o presidente estivesse tomando hidroxicloroquina.

"O presidente está com a saúde muito boa e permanece sem sintomas", diz o comunicado, que também informa que Trump faz testes regulares para Covid-19 e todos deram negativo até o momento. "Após várias discussões que ele e eu tivemos sobre as evidências contra ou a favor o uso da hidroxicloroquina, concluímos que o benefício potencial do tratamento se sobrepõe aos riscos relevantes".

Posição do FDA

A agência federal americana reguladora de medicamentos, a Food and Drug Administration (FDA), alertou em abril sobre os riscos do uso do medicamento fora do ambiente hospitalar e de situações de testes clínicos. "A cloroquina e a hidroxicloroquina não têm demonstrado ser seguras e eficazes para o tratamento ou a prevenção da Covid-19", disse o FDA em comunicado. "Enquanto ensaios clínicos estão em andamento para determinar a segurança e efetividade destes medicamento para a Covid-19, existem efeitos colaterais conhecidos que devem ser considerados".

Esses efeitos incluem "problemas de ritmo cardíaco graves e potencialmente fatais, que foram relatados com o uso [de ambos os medicamentos] para o tratamento ou prevenção da Covid-19, os quais não são aprovados pelo FDA".

Na ocasião, o FDA emitiu uma autorização de uso emergencial que permitia que a cloroquina e a hidroxicloroquina fossem usadas temporariamente durante a pandemia "em circunstâncias limitadas, como para determinados pacientes hospitalizados com Covid-19".

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