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Trump defende que transgêneros usem qualquer banheiro nos EUA

Donald Trump: em campanha para ser o candidato republicano à Casa Branca. | Spencer Platt/AFP
Donald Trump: em campanha para ser o candidato republicano à Casa Branca. (Foto: Spencer Platt/AFP)

Caitlyn Jenner é bem-vinda em qualquer banheiro da Trump Tower, masculino ou feminino, disse Donald Trump nesta quinta-feira (21).

A estrela do reality “I Am Cait” era conhecida até 2015 como Bruce Jenner, ex-atleta olímpico e ex-padastro da socialite Kim Kardashian. Mudou de sexo e, desde março, é um entre tantos transexuais que estão proibidos por lei de usar um banheiro distinto de seu “gênero biológico” (entendido como aquele na “certidão de nascimento”) na Carolina do Norte.

Pré-candidato à Casa Branca pelo Partido Republicano, mais recatado no campo moral, Trump sugeriu que as pessoas escolham “qualquer banheiro que sintam ser o mais apropriado”, inclusive no prédio onde mora, em Manhattan. O rival Ted Cruz não deixou barato e criticou suas credenciais “conservadoras”.

Ungido pelo Tea Party, o senador pelo Texas se disse ultrajado, “como pai de duas meninas”, pela possibilidade de um homem “de nascença” se aliviar ao lado de mulheres. Ir contra essa ideia “é senso comum”, afirmou.

Pomo (de Adão ou não) da discórdia, Caitlyn manifestou em março seu apreço por Cruz, “um grande conservador”, apesar de ser “provavelmente um dos piores [candidatos] para a causa trans”. Prefere republicanos a democratas pois gosta do capitalismo, disse à revista LGBT “The Advocate”. “O socialismo não construiu este país. Precisamos de uma economia vibrante. Quero um emprego para todos os trans.”

Ela contou que conheceu o senador antes de sua operação “e ele foi bem gentil”. Gostaria de ser “sua embaixadora trans” na Casa Branca.

Maconha

Cruz já havia criticado outras causas progressistas, como a legalização da maconha. No Colorado, onde o uso recreativo é permitido, ironizou dias atrás: distribuiria “brownies especiais” (incrementados com a substância) depois de um ato. Trump já disse que deixaria a cargo dos Estados decidir se querem ou não liberar a maconha.

Para especialistas, o empresário mira as eleições presidenciais de novembro, contra um democrata, ao adotar a visão progressista sobre a lei dos banheiros na Carolina do Norte.

Um documento interno de sua campanha, divulgado pelo Washington Post, projeta que ele terá por volta de 1.400 delegados até a convenção republicana, em julho. O otimismo vem após uma vitória folgada em Nova York, onde Cruz amargou um terceiro lugar, atrás de John Kasich.

Trump precisa de 1.237 de 2.472 representantes partidários para ser o cabeça de chapa da legenda. Com essa maioria, evitaria uma convenção disputada, na qual a cúpula republicana poderia respaldar alguém mais a seu gosto.

Com um novo estrategista a bordo, o veterano Paul Manafort, ele também se esmera para ser mais disciplinado, amaciando a imagem de intolerante. Na quinta (21), prometeu ser “tão presidenciável na Casa Branca que deixaria todo mundo entediado”.

Há ainda o “homem de negócios” na jogada. Ao aprovar uma legislação considerada discriminatória, a Carolina do Norte foi alvo de boicotes de várias empresas (da Apple ao Facebook), e bandas como Pearl Jam cancelaram shows no Estado.

Para Trump, o empresário, “a punição econômica” não compensa.

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