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Assessor de segurança de Trump. John Bolton
Assessor de segurança de Trump John Bolton| Foto: Brendan Smialowski /AFP

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta terça-feira (10) que demitiu seu conselheiro de segurança nacional, John Bolton, dizendo que "discordava fortemente de muitas de suas sugestões".

"Eu informei John Bolton na noite passada que seus serviços não são mais necessários na Casa Branca", disse Trump. "Pedi a John sua demissão, que me foi dada esta manhã. Agradeço muito a John por seu serviço. Vou nomear um novo consultor de segurança nacional na próxima semana", tuitou.

Bolton imediatamente contestou a afirmação de Trump de que ele tenha sido demitido, dizendo que havia oferecido sua renúncia. "Eu ofereci minha renúncia ontem à noite e o presidente Trump disse: 'Vamos falar sobre isso amanhã'", escreveu Bolton no Twitter.

Desentendimentos com Trump e Pompeo

John Bolton, ex-diplomata e comentarista político, entrou para a equipe da Casa Branca em abril de 2018 como assessor de segurança nacional de Trump - o terceiro a ocupar o cargo desde o início da administração, em 2017. Antes, havia integrado o gabinete de George W. Bush, sendo extremamente próximo do vice-presidente Dick Cheney - com quem propôs a invasão do Iraque pelos EUA após os atentados de 11 de Setembro de 2001.

Sua saída estava sendo especulada há meses. No início deste ano, o próprio Trump brincou sobre isso ao dizer que gostava de ouvir as opiniões de Bolton, mesmo que muitas vezes discordasse delas.

Agora, o tuíte do presidente deixou claro que a frustração de longa data com Bolton atingiu um limite.

Bolton, por exemplo, não era a favor dos encontros de Trump com o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, segundo funcionários do governo. Também argumentou contra uma reunião direta com autoridades iranianas e não gostou da insistência de Trump para que a Rússia volte ao Grupo dos Sete (G7). O presidente americano, em maio, mostrou-se frustrado com as ações de seu governo em relação à Venezuela e a insatisfação dele se cristalizou em torno do seu conselheiro de segurança.

Bolton também não tinha um bom relacionamento com Mike Pompeo, o secretário de Estado dos EUA. O relacionamento entre os dois estava cada vez mais tenso nos últimos meses: Bolton acusando Pompeo de gastar muito tempo promovendo suas próprias ambições políticas; e Pompeo argumentando que a inflexibilidade de Bolton era corrosiva.

Recentemente, Bolton chegou a dizer que não queria aparecer na televisão para defender algumas posições do governo, principalmente no Afeganistão e na Rússia, segundo autoridades do governo que falaram anonimamente.

Trump zombava regularmente de Bolton como um defensor, às vezes até irritando países e brincando que Bolton iria querer invadi-los, disseram autoridades atuais e ex-altas autoridades do governo.

A gota d'água

Ironicamente, a demissão de John Bolton ocorreu logo após o que foi percebido como uma vitória de Bolton contra Pompeo: a rejeição de um acordo de paz com o Talibã no Afeganistão, o qual estava sendo negociado pelo Departamento de Estado - a pasta de Pompeo.

Bolton argumentou contra as negociações por meses, dizendo que o Talibã não era confiável e que Trump poderia alcançar seu principal objetivo no Afeganistão - a retirada de tropas dos EUA - sem qualquer acordo com os militantes.

No final de sábado, Trump anunciou que estava cancelando uma reunião, até então secreta, com o Talibã e o presidente afegão Hassan Ghani para finalizar o acordo. Na segunda-feira (9), ele disse que o acordo e as negociações estavam "mortos".

Relação com governo Bolsonaro

John Bolton veio ao Brasil em novembro do ano passado para visitar o então presidente eleito Jair Bolsonaro. O encontro aconteceu na casa de Bolsonaro, no Rio de Janeiro, e lá eles conversaram sobre comércio bilateral, a crise política na Venezuela, relações com a China e segurança.

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