O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez o seu terceiro discurso anual sobre o Estado da União ao congresso americano na noite desta terça-feira (5).
Em ano de eleições presidenciais e em meio a um processo de impeachment, o clima na Câmara era de polarização. Trump foi recebido com gritos de "mais quatro anos" dos republicanos, que aplaudiram todas as falas do presidente com entusiamo, enquanto democratas permaneceram em silêncio por quase todo o discurso, que levou uma hora e 18 minutos. Ao chegar à Câmara, Trump parece ter se negado a cumprimentar a presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, que ao final do evento rasgou a cópia do discurso que recebeu do presidente.
A votação final do processo de impeachment contra Trump será feita nesta quarta-feira no senado americano, que deve absolver o presidente. Trump esperava já ter sido inocentado ao fazer o discurso do Estado da União, e não fez menção ao processo em nenhum momento da noite.
Economia
Trump começou o seu discurso comemorando os números da economia dos EUA. Ele lembrou os baixos índices de desemprego no país e afirmou que "se não tivéssemos revertido as políticas econômicas fracassadas do governo anterior, o mundo não estaria testemunhando esse sucesso econômico". Ele afirmou também que desde o início do seu mandato foram criados 7 milhões de empregos.
O tema é um dos mais importantes para a campanha de reeleição do republicano. Em uma pesquisa de opinião divulgada nesta terça-feira pelo Instituto Gallup, mais de 60% dos americanos entrevistados disseram que apoiam as políticas econômicas da atual gestão da Casa Branca - um índice alto se comparado a governos anteriores.
Reforma da justiça criminal
O primeiro momento de aplausos de congressistas dos dois partidos ocorreu quando Trump falou sobre os esforços de reformar o sistema de justiça criminal. "Todos disseram que a reforma de justiça criminal não poderia ser feita, mas ela foi feita e as pessoas nessa sala a fizeram", disse Trump, que foi aplaudido de pé por republicanos e democratas.
Venezuela
Outro momento de aplausos dos dois partidos aconteceu quando Trump apresentou Juan Guaidó como o presidente legítimo da Venezuela. "Os EUA lideram uma coalizão diplomática de 59 nações contra o ditador socialista da Venezuela, Nicolás Maduro, que é um governante ilegítimo, um tirano que brutaliza o seu povo. Mas o domínio da tirania de Maduro será quebrado", afirmou.
"Nesta noite, há um homem muito corajoso que leva consigo as esperanças e sonhos de todos os venezuelanos, o verdadeiro e legítimo presidente da Venezuela, Juan Guaidó", completou Trump sobre o líder da oposição ao chavismo, que há mais de um ano lidera uma campanha para derrubar o regime de Maduro e restaurar a democracia na Venezuela, até o momento sem sucesso.
Saúde
Falando sobre o sistema de saúde, Trump criticou o modelo de saúde pública defendido por alguns dos pré-candidatos democratas. "Enquanto trabalhamos para melhorar o sistema de saúde dos americanos, existem aqueles que querem acabar com o sistema de saúde, acabar com os seus médicos e abolir o seguro particular", disse.
"Cento e trinta e dois congressistas nesta sala apoiaram legislação para impor uma reforma socialista do nosso sistema de saúde, varrendo os planos de segurança particulares de 180 milhões de americanos. Para quem nos assiste em casa, quero que saibam: nunca deixaremos o socialismo destruir o sistema de saúde americano". Democratas reagiram com protestos.
Imigração
Trump falou sobre crimes cometidos por imigrantes ilegais e criticou as chamadas cidades santuário, dizendo que nesses locais, "autoridades mandam a polícia soldar perigosos criminosos estrangeiros que atacarão as pessoas, em vez de entregá-los às autoridades de imigração para serem removidos com segurança.
Ele ainda prometeu que vai concluir a construção do muro na fronteira com o México e afirmou que o número de tentativas de travessia da fronteira sul diminuiu após a assinatura do acordo de cooperação com nações da América Central sobre imigração.
Oriente Médio
O presidente alegou que o califado do Estado Islâmico foi 100% derrotado e lembrou da morte do líder da organização terrorista, Abu Bakr al-Baghdadi, após operação coordenada por forças americanas. Trump comemorou também a operação que matou o general iraniano Qasem Suleimani no início do ano.
Discurso rasgado
A cena de Nancy Pelosi rasgando uma cópia do discurso de Trump causou reações imediatas nas redes sociais e entre figuras políticas. Pelosi disse à Fox News que rasgou o discurso "por não ter encontrado uma única página com verdades nele".
A Casa Branca acusou a democrata de desrespeitar os convidados de Trump ao rasgar o documento. O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, fez uma publicação em seu perfil pessoal no Twitter com uma imagem que ironiza a atitude de Pelosi.
Reencontro surpresa e homenagem
Trump apresentou Amy Williams, esposa de um militar americano, e seus dois filhos que estavam na plateia. Em seguida, anunciou que o marido dela, Sargento Townsend Williams, havia retornado de sua quarta mobilização ao Oriente Médio e estava no local.
Outra surpresa da noite foi a condecoração do radialista conservador Rush Limbaugh, que recentemente anunciou que tem câncer em estágio avançado, com a Medalha Presidencial da Liberdade, a maior honraria concedida a civis nos EUA. Quando Trump anunciou a homenagem, alguns democratas disseram "não".