Protesto feito no domingo contra supremacistas também abordou o governo Trump.| Foto: SCOTT OLSON/AFP

A resposta vaga e ambígua de Donald Trump à violência que tomou a cidade de Charlottesville no sábado (12) foi criticada por parlamentares republicanos e democratas e elogiada por integrantes de movimentos defensores da supremacia branca. Na tentativa de conter o dano gerado pelas declarações, a Casa Branca disse no domingo (13) que elas abrangiam supremacistas brancos, Ku Klux Klan e neonazistas. Nenhum desses grupos foi mencionado pelo próprio presidente, que culpou “vários lados” pelos confrontos que terminaram com a morte de três pessoas (sendo uma mulher atropelada e dois policiais em um helicóptero que monitorava a situação) e deixaram 34 feridas.

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Traumatizados pelo atropelamento intencional de opositores da marcha de movimentos supremacistas, moradores e autoridades de Charlottesville disseram que há um vínculo direto entre a campanha e a eleição de Trump e as manifestações explícitas de racismo vistas na cidade desde a noite de sexta-feira.

“Essas coisas estão conectadas. O fato de que supremacistas brancos se sentiram encorajados a sair das sombras está relacionado à retórica de Trump”, disse Toby Beard, um vendedor de discos de vinil que participou dos protestos contra a presença de supremacistas brancos e neonazistas na cidade.

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O prefeito democrata de Charlottesville, Mike Signer, disse haver uma “conexão direta” entre Trump e a violência protagonizada por extremistas no sábado. Segundo ele, o presidente jogou com os “piores preconceitos” dos americanos durante sua campanha eleitoral. “Há duas palavras que precisam ser ditas à exaustão, terrorismo doméstico e supremacia branca. Isso foi exatamente o que vimos nesse fim de semana. E nós não estamos vendo liderança da Casa Branca”, disse em entrevista à CNN.

Outra pessoa que via com apreensão o impacto da vitória de Trump era Heather Heyer, a mulher de 32 anos morta pelo motorista que avançou sobre manifestantes antirracistas no sábado, em ato que muitos classificaram de terrorismo. “Se você não está revoltado, você não está prestando atenção”, foi sua última mensagem no Facebook, publicada dez dias depois da eleição presidencial do ano passado.

O local em que ela morreu, no centro de Charlottesville, se transformou em um memorial informal, onde moradores da cidade depositaram flores ao lado de sua fotografia e a frase “Não há lugar para o ódio”.

No site neonazista The Daily Stormer, comentaristas comemoravam o fato de Trump não ter condenado nenhum grupo em particular pela violência de sábado. “Ele se recusou a mencionar qualquer coisa sobre nós. Quando repórteres gritaram (perguntas) sobre nacionalismo branco, ele simplesmente saiu da sala”, celebrou Andrew Anglin, fundador do site extremista.

Apesar da ambiguidade do presidente, o chefe do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, H.R. McMaster, disse não ter dúvida de que o atropelamento de manifestantes no sábado foi um ato de terrorismo. “O terrorismo é o uso da violência para incitar terror e medo e é claro que foi terrorismo”, disse à rede MSNBC.

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Trump foi pressionado por integrantes de seu próprio partido a adotar uma postura mais clara em relação aos confrontos em Charlottesville. O senador republicano Marco Rubio disse no Twitter que era importante para o país ouvir o presidente descrever os eventos pelo que eles são, “um ataque terrorista de #supremacistasbrancos”.

Também republicana, a deputada Ileana Ros-Lehtinen criticou de maneira indireta do pronunciamento do presidente. “Supremacistas brancos, neonazistas e antissemitas são a antítese de nossos valores americanos. Não há nenhum outro ‘lado’ para o ódio e a intolerância.”

Ávido comentarista no Twitter, Trump não se manifestou no domingo sobre os eventos em Charlottesville. Seu último comentário sobre o assunto, publicado às 19h52 de sábado, foi a manifestação de condolências à família de Heyer.