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eleições americanas

Trump e Hillary dominam Super Terça e consolidam liderança na corrida presidencial

Trump, em South Beach, e Hillary, em Miami: candidatos despontam como favoritos na corrida presidencial americana | John Moore /Rhona Wise/AFP
Trump, em South Beach, e Hillary, em Miami: candidatos despontam como favoritos na corrida presidencial americana (Foto: John Moore /Rhona Wise/AFP)

A democrata Hillary Clinton e o republicano Donald Trump marcaram pontos cruciais nas prévias desta Super Terça nos Estados Unidos, revelam resultados e projeções das votações nos 12 estados em jogo na corrida pela indicação partidária rumo à Casa Branca.

“Foi uma noite fantástica”, disse Trump em Palm Beach, Flórida, após vencer nesta terça nos estados de Geórgia, Massachusetts, Tennessee, Alabama, Arkansas, Virgínia e Vermont.

Em seu pronunciamento, o magnata garantiu que conseguirá unir o partido para a eleição presidencial, em 8 de novembro deste ano. “Acho que seremos mais inclusivos e mais unidos. Acho que seremos um partido muito maior. Acho que vamos ganhar em novembro”, declarou Trump.

“Sei que esta noite foi muito dura para Marco Rubio. Teve uma noite difícil. Trabalhou muito, gastou um montão de dinheiro. Mas não é um peso pesado, já lhe disse isso muitas outras vezes”, afirmou. Rubio, o senador de origem cubana que tem a preferência dos caciques republicanos, ganhou apenas em Minnesota nesta terça, em sua primeira vitória nas primárias.

Já o senador Ted Cruz, outra alternativa da direção republicana para barrar Trump, venceu no Texas – um dos grandes colégios eleitorais dos EUA – e em Oklahoma. Cruz pediu a seus adversários no partido que abandonem a corrida e se unam a ele contra Trump, em aparente mensagem dirigida a Rubio. “Aqueles candidatos que ainda não ganharam um estado, que não conseguiram muitos delegados, eu lhes peço que considerem se somar, unindo-se a nós”.

“Enquanto estivermos divididos, a indicação de Trump é mais provável. E isso seria um desastre para os republicanos, para os conservadores e para o país”, disse.

No Texas e em Oklahoma, a retórica de Trump contra os imigrantes em situação ilegal e sua proposta de erguer um muro na fronteira com o México racharam os dois estados, que terminaram optando pelo senador ultraconservador.

Hillary acena para Sanders

Como era esperado, no duelo democrata a ex-secretária de Estado Hillary Clinton ganhou nos estados da Geórgia, Arkansas, Virgínia, Alabama, Tennessee, Texas e Massachusetts. Com isso, ela caminha para consolidar sua vantagem em relação ao senador Bernie Sanders, que venceu em Vermont, seu estado natal, Oklahoma, Minnesota e Colorado.

Em Miami, Hillary destacou que “ficou claro esta noite que nunca houve tanta coisa em jogo como nesta eleição, apesar de a retórica jamais ter sido tão baixa”. Exultante, a ex-secretária de Estado “felicito o senador Sanders por sua forte campanha”, em um claro tom de vitória.

Mas após ganhar em quatro estados, Sanders não parecia se dar por vencido: “esta noite conquistamos centenas de delegados (...) mas há dez meses tínhamos apenas 3% nas pesquisas, percorremos um longo caminho em dez meses”.

Em uma referência ao favoritismo de Clinton, Sanders recordou que “no final deste dia 15 estados terão votado nas primárias, mas faltarão outros 35, e continuaremos com nossa luta por justiça econômica e justiça social”.

O número de delegados eleitos nesta “Super Terça” representa quase metade do total necessário para garantir a vitória na convenção nacional do partido. São 19% dos delegados internos pelo Partido Democrata e 24% pelos republicanos.

Republicanos e democratas realizam suas convenções nacionais em julho para formalizar seus respectivos candidatos à eleição de novembro. Nesse dia, os americanos escolhem aquele que substituirá o presidente Barack Obama na Casa Branca.

Cenário desolador

No caso de Trump, seu favoritismo claramente chega acompanhado de uma crise sem precedentes no Partido Republicano, fundado em 1854.

Assim como Trump, o senador Ted Cruz também é detestado pela direção do partido, mas a alternativa viável, o senador Marco Rubio, parece incapaz de reduzir a distância que o separa do líder magnata.

Neste panorama, Rubio e Cruz passaram a usar as mesmas armas de Trump, e a campanha se transformou em um verdadeiro festival bizarro de insultos, golpes baixos e discursos com menções a cuecas sujas, críticas à quantidade de suor, ou até alusões à confiabilidade de homens com mãos pequenas.

“Donald Trump é uma séria ameaça para o futuro do nosso partido e do nosso país”, lançou Rubio, em carta aberta aos eleitores, pouco depois do início da apuração.

“Nos últimos dias, Trump se recusou a condenar a supremacia branca e o Ku Klux Klan, elogiou os ditadores Saddam Hussein e Muamar Kadhafi e propôs infringir a Primeira Emenda da nossa Constituição”, escreveu Rubio, referindo-se à garantia da liberdade de expressão, religião e de imprensa prevista por lei.

Uma das mais respeitadas lideranças republicanas, o senador John McCain comentou que é “perturbador” o (baixo) nível da campanha do partido. Em 2008, McCain disputou a Casa Branca com Obama.

Em um ato público na segunda-feira, Trump ridicularizou Rubio pela forma como transpirava no último debate e afirmou que “não podemos ter este tipo de gente negociando com os chineses, ou com (o líder russo Vladimir) Putin”.

Quadro menos turbulento

Entre os democratas, a situação parece menos turbulenta, em especial após a vitória esmagadora de Hillary sobre Sanders na interna partidária da Carolina do Sul e nesta “Super Terça”.

A ex-secretária de Estado havia iniciado a campanha como uma favorita intocável, mas os dois primeiros capítulos da disputa interna (em Iowa e New Hampshire) deixaram claro que esta vantagem poderia desaparecer de uma hora para outra.

Uma forte campanha de críticas a Sanders nas últimas duas semanas parece ter devolvido a Hillary a liderança e a autoconfiança nesta “Super Terça”.

As pesquisas apontam que Hillary ou Sanders ganhariam um eventual duelo com Trump, com uma margem ligeiramente mais confortável para o senador (55% contra 43%) do que para a ex-secretária (52% frente 44%).

Em um rápido encontro com jornalistas nesta terça, Hillary garantiu: “quem quer que seja indicado (entre os republicanos), estarei preparada para enfrentá-lo, caso tenha a sorte de conseguir a indicação”.

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