A “Super Terça”, dia-chave das primárias nos Estados Unidos, terminou nos estados de Virgínia, Geórgia e Vermont, com o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton na dianteira, segundo as primeiras projeções.Entre os democratas, Hillary obteve importantes vitórias na Geórgia e na Virgínia, enquanto o senador Bernie Sanders venceu em Vermont. Enquanto isso, no campo republicano, Trump disparou nas projeções na Geórgia, segundo diversas emissoras de TV.
Esse é um dia crítico para os pré-candidatos dos dois partidos, em especial para os republicanos, já que o número de delegados que se exige na “Super Terça” representa quase a metade dos necessários para garantir uma vitória na convenção partidária. Entre os estados que celebram primárias nesta terça-feira, destaca-se o Texas, com um dos maiores colégios eleitorais do país.
Os dois partidos celebrarão suas convenções nacionais em julho para indicar seus respectivos candidatos às eleições presidenciais de novembro, quando os americanos vão escolher o sucessor de Barack Obama.
A votação começou nos dez estados nos quais se expressam simultaneamente democratas e republicanos, e seguiu para o Colorado, onde votam apenas os democratas, antes de terminar no distante Alasca. Nesta terça-feira são escolhidos 19% dos delegados internos pelo partido Democrata e 24% dos delegados republicanos, sendo que, neste último caso, a porcentagem representa quase a metade do número de delegados suficientes para ganhar a disputa interna.
Candidatos
O polêmico multimilionário Trump exibia uma vantagem avassaladora sobre todos os seus adversários dentro do partido Republicano: de acordo com uma pesquisa realizada pela CNN/ORC Survey, tinha aproximadamente 49% das intenções de voto, mais que todos os outros aspirantes somados.
“Acredito que teremos uma imagem mais clara, mas não acredito que teremos certeza do que acontecerá. Ainda há muita incerteza, e alguns estados vão decidir depois de hoje”, declarou Stephanie, uma eleitora republicana de Alexandria, na Virgínia.
Empresário sem qualquer experiência política, Trump é publicamente ignorado pela direção do partido Republicano, mas uma vitória consagradora nesta terça-feira pode colocá-lo em um caminho praticamente sem volta, deixando o centenário partido sem outra alternativa a não ser abraçar sua candidatura.
Enquanto isso, Hillary tem a seu favor toda a máquina do Partido Democrata e, desta forma, é a grande favorita para conseguir nesta terça-feira uma vantagem confortável sobre o senador Bernie Sanders. Este socialista democrático defende uma nova etapa na política americana sem a influência do dinheiro e das grandes corporações.
Cenário desolador
No caso de Trump, seu favoritismo claramente chega acompanhado de uma crise sem precedentes no Partido Republicano, fundado em 1854. Assim como Trump, o terceiro pré-candidato na disputa, o senador Ted Cruz, também é detestado pela direção do partido, mas a alternativa viável, o senador Marco Rubio, parece incapaz de reduzir a distância que o separa do líder magnata.
Neste panorama, Rubio e Cruz passaram a usar as mesmas armas de Trump, e a campanha se transformou em um verdadeiro festival bizarro de insultos, golpes baixos e discursos com menções a cuecas sujas, críticas à quantidade de suor, ou até alusões à confiabilidade de homens com mãos pequenas.
Uma das mais respeitadas lideranças republicanas, o senador John McCain comentou hoje que é “perturbador” o (baixo) nível da campanha do partido. Em 2008, McCain disputou a Casa Branca com Obama. Ele disse esperar que “possamos ter uma campanha presidencial que não se concentre no tamanho das orelhas de um adversário, ou se transpira muito”.
Na saída de um centro de votação nesta terça-feira, o microempresário Steve Slye disse que, na prévia republicana, escolheu o governador de Ohio - “porque é o único adulto desse grupo”.
Na Virgínia, uma eleitora registrada entre os democratas comentou que estava disposta a se apresentar para votar contra Trump na primária republicana. “Normalmente, voto com os democratas, mas Trump me assusta. Ainda não sei como votarei”, desabafou, preferindo não se identificar.
Fiel ao seu estilo, ontem Trump simplesmente ignorou a indignação generalizada por sua negativa em rejeitar o apoio da Ku Klux Klan e seu líder, David Duke, a sua candidatura (“ainda não sei nada sobre ele”, disse). Também criticou em um discurso o “tom patético” utilizado por Hillary em seus discursos.
Na segunda-feira, em um ato público, Trump ridicularizou Rubio pela forma como transpirava no último debate e afirmou que “não podemos ter este tipo de gente negociando com os chineses, ou com (o líder russo Vladimir) Putin”.
Em entrevista à Fox News nesta terça, comentou que “meus eleitores não são gente com raiva, mas há raiva no partido” com o governo do presidente Barack Obama. Também nesta terça Trump acusou Ted Cruse de “não fazer nada” por seu estado, o Texas, e alfinetou Marco Rubio por fazer um “trabalho horrível” na Flórida, seu estado natal.
À medida que mais e mais pesos pesados republicanos manifestam seu apoio a Rubio, ou a Cruz, mais Trump sobe na disputa interna. Essa situação deixa o partido diante da necessidade de se questionar em que momento será necessário aceitar sua candidatura e se alinhar a seu favor.
Quadro menos turbulento
Entre os democratas, a situação parece menos turbulenta, em especial após a vitória esmagadora de Hillary sobre Sanders na interna partidária da Carolina do Sul.
A ex-secretária de Estado havia iniciado a campanha como uma favorita intocável, mas os dois primeiros capítulos da disputa interna (em Iowa e New Hampshire) deixaram claro que esta vantagem poderia desaparecer de uma hora para outra.
Uma forte campanha de críticas a Sanders nas últimas duas semanas pareceu devolver a Hillary a liderança e a autoconfiança antes de um dia fundamental, como será esta terça-feira.
Em um ato público realizado no domingo, Hillary inclusive pareceu deixar para trás a fase de críticas a Sanders para se concentrar no futuro e em uma disputa eleitoral com Trump.
“Não acredito que os Estados Unidos tenham deixado de ser grandes. Penso que devemos devolver aos Estados Unidos sua unidade”, disse Hillary, em uma referência direta ao lema de campanha de Trump, “Devolver aos Estados Unidos sua grandeza”.
A pesquisa da CNN/ORC apontou que Hillary tem nacionalmente uma vantagem de 55% a 38% sobre Sanders, embora a média de todas as pesquisas nesta conjuntura sugira uma vantagem de 47% a 42%, de acordo com o site especializado RealClearPolitics.
“Preciso que votem amanhã, e que tragam amigos e familiares para votar”, pediu Hillary a seus seguidores na segunda-feira.
Ainda de acordo com os números, Hillary ou Sanders ganhariam um eventual duelo com Trump, com uma margem ligeiramente mais confortável para o senador (55% contra 43%) do que para a ex-secretária (52% frente 44%).
Em um rápido encontro com jornalistas nesta terça, Hillary garantiu: “quem quer que seja indicado (entre os republicanos), estarei preparada para enfrentá-lo, caso tenha a sorte de conseguir a indicação”.
Sanders admitiu ter sido esmagado na Carolina do Sul, onde 86% dos eleitores democratas negros optaram por Hillary. Diante desse cenário, sua equipe de campanha concentrou as expectativas em estados como Massachusetts, Minnesota, Oklahoma e Colorado, assim como Vermont, estado que o senador representa.
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