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parte 2

Trump e Kim querem realizar segunda cúpula ‘o quanto antes’

Ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (E), e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo (D), na Casa de Hóspedes do Estado de Paekhwawon, em Pyongyang | KCNA VIA KNS/AFP
Ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-un (E), e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo (D), na Casa de Hóspedes do Estado de Paekhwawon, em Pyongyang (Foto: KCNA VIA KNS/AFP)

Depois de uma viagem do secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, à Pyongyang, onde ele se encontrou com o ditador norte-coreano Kim Jong-un, EUA e Coreia do Norte concordaram em realizar mais uma cúpula de alto nível entre os líderes dos dois países, o mais rápido possível.

Pompeo e Kim se encontraram por cerca de duas horas no domingo (7) e depois almoçaram juntos. "É bom ver você de novo", Pompeo disse a Kim enquanto os dois homens apertavam as mãos e posavam para as câmeras antes do almoço.  "Bem, estou muito feliz por esta oportunidade. Depois de uma boa reunião, podemos desfrutar de uma refeição juntos", respondeu Kim. 

Enquanto a dupla se sentava para almoçar, Kim disse: "É um dia muito bom que promete um bom futuro para os dois países". 

Pompeo contou que teve uma "ótima visita" e uma "manhã muito bem-sucedida", acrescentando que Trump enviou seus cumprimentos.  

A última viagem do secretário de Estado à Coreia do Norte, em julho, não tinha sido tão boa. Ele se afastou dizendo que os dois lados haviam progredido, mas a Coreia do Norte alegou que ele estava fazendo exigências "semelhantes a de gangsteres". Naquela ocasião, ele não se encontrou com Kim. 

Depois disso, Pompeo planejava voltar ao país no final de agosto, mas o presidente americano, Donald Trump, cancelou a viagem no último minuto, pois ficou claro que os dois lados permaneciam distantes em suas abordagens de negociação. Mas o prospecto mudou depois da cúpula dos líderes da Coreia do Norte e do Sul no mês passado, que deu novo fôlego ao processo de paz, assim como o aparente desejo de Kim e Trump de se encontrarem novamente. 

Encontro com Moon

Ainda no domingo, Pompeo voou para Seul, onde se encontrou com o presidente sul-coreano Moon Jae-in. Ele disse em Seul que teve "uma conversa boa e produtiva" com Kim. "Como o presidente Trump disse, há muitos passos ao longo do caminho, e tomamos um deles hoje. Foi mais um passo à frente. Portanto, este é, penso eu, um bom resultado para todos nós", disse Pompeo. 

Moon afirmou que espera que uma cúpula Trump-Kim aconteça em breve e que "faça progressos irreversíveis e decisivos em termos de desnuclearização e também do processo de paz". 

Durante sua reunião privada com Moon, Pompeo disse que ele e Kim concordaram em organizar a segunda cúpula entre os EUA e a Coreia do Norte "o mais cedo possível", segundo um comunicado divulgado pelo chefe da assessoria de imprensa de Moon, Yoon Young-chan. 

"O secretário Pompeo disse que houve discussões sobre medidas de desnuclearização a serem tomadas pela Coreia do Norte e monitoramento pelo governo dos EUA, bem como sobre as medidas correspondentes a serem tomadas pelos Estados Unidos", disse Yoon, acrescentando que os dois lados formarão "equipes de negociação em nível operacional" para discutir data e local específicos para a cúpula, bem como o processo de desnuclearização da Coreia do Norte.

Processo de desnuclearização

Durante a reunião de Pompeo em Pyongyang, Kim convidou inspetores a visitar o local de testes nucleares de Punggye-ri para "confirmar que foi irreversivelmente desmantelado", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, em comunicado. A Coreia do Norte havia se comprometido com isso anteriormente, mas tem resistido em permitir que inspetores internacionais visitem locais que, segundo afirmam, foram desmantelados. 

"Permitir inspetores em Punggye-ri seria um teste importante da disposição da Coreia do Norte de submeter suas instalações à verificação", disse Adam Mount, membro sênior da Federação de Cientistas Americanos. 

A declaração de Nauert, entretanto, não mencionou o compromisso da Coreia do Norte de desmantelar a importante instalação nuclear de Yongbyon, um sinal potencialmente preocupante para os negociadores americanos. 

No centro do impasse há duas abordagens fundamentalmente diferentes para a desnuclearização. Pompeo insistiu que as sanções contra a Coreia do Norte devem permanecer até que o país desmantele completamente seu programa nuclear. Os governos da Corria do Norte e do Sul, no entanto, dizem que isso não é realista. Em vez disso, eles querem que os dois lados adotem uma abordagem "em fases", na qual Pyongyang será recompensada ao adotar medidas graduais para reverter seu programa nuclear. 

A caminho da Ásia, Pompeo manteve o posicionamento americano, indicando que o espírito do acordo firmado entre Trump e Kim em Cingapura, em junho, era de "chegar à desnuclearização de uma forma totalmente verificada e irreversível”, e que a partir daí os EUA iriam cumprir as ações “para tornar o futuro mais brilhante para o povo norte-coreano". 

Pyongyang quer mais

Um dia antes de se encontram com Kim, Pompeo se reuniu com o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, em Tóquio. Na ocasião, ambos concordaram que “a pressão deve continuar até que a República Democrática Popular da Coreia do Norte desista", disse a porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert. 

Mas não é assim que Pyongyang vê as coisas. E esta também não é a abordagem que defendida por Seul.

Após a cúpula entre os líderes das duas Coreias no mês passado, Kim disse que estava preparado para desmantelar permanentemente o principal local nuclear de seu país em Yongbyon, mas somente se os Estados Unidos adotassem "medidas correspondentes" para construir a confiança. 

A Coreia do Norte vem pedindo aos Estados Unidos que declarem formalmente o fim da Guerra da Coreia (1950-1953)  como forma de colocar um ponto final nas relações hostis entre os dois países. A guerra terminou com um armistício, mas nenhum tratado de paz. 

Nos últimos dias, a Coreia do Norte também renovou suas demandas para que as sanções fossem flexibilizadas. O ministro das Relações Exteriores do país, Ri Yong Ho, disse, na Assembleia Geral da ONU, que as sanções "coercitivas" eram letais para a construção de confiança entre as duas nações e que sem confiança "não há como nos desarmar unilateralmente". 

Parada na China

Em seu tour pela Ásia, Pompeo fez a última parada em Pequim. O encontro com o ministro das Relações exteriores chinês, Wang Yi, tratou sobre a desnuclearização da Coreia do Norte, algo que é de interesse de EUA e China, mas a reunião não foi tão amigável.

As relações entre Pequim e Washington estão se deteriorando ao passo que a guerra comercial entre as duas maiores economias escala e uma mudança nas relações diplomáticas começa a ser forjada pela administração Trump. Wang disse à Pompeo que as recentes ações do governo americano contra o de Xi Jinping “impactaram diretamente nossa confiança mútua e criaram uma sombra sobre as nossas relações bilaterais”. Pompeo respondeu dizendo que EUA e China estavam presos em um "desacordo fundamental" e que ele esperava poder fazer algum progresso na resolução, mas lamentou a decisão do governo chinês em não comparecer a uma reunião entre os ministros de defesa dos dois países, planejada para a metade de outubro.

A guerra comercial travada por EUA e China transbordou para outras áreas nas últimas semanas.

No mês passado, o território chinês supostamente autônomo de Hong Kong declinou a visita de porto da Marinha dos EUA e um almirante chinês cancelou uma visita planejada aos EUA. Enquanto isso, Trump acusou Pequim de "intrometer-se" nas eleições americanas de meio mandato, fazendo com que a China reagisse com raiva, sugerindo que são os Estados Unidos que têm um histórico de intromissão nos negócios de outros países. 

Além disso, na semana passada, o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, publicou uma ampla acusação sobre os métodos por trás da ascensão da China para se tornar uma grande potência econômica, afirmando que Pequim procurou minar os interesses americanos em todo o mundo. Pence acusou a China de usar o comércio, aberturas diplomáticas e expansão militar para espalhar sua influência, e pediu aos líderes empresariais americanos, acadêmicos e jornalistas para combater a campanha de Pequim, inflamando ainda mais as tensões entre os dois países.

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