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Prévias americanas

Trump ganha nomeação e Sanders é pressionado a abandonar campanha presidencial

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Em tempos de pandemia de coronavírus, eleitor usou luva descartável para votar nas primárias da Flórida. (Foto: Joe Raedle/Getty Images/AFP)

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A pandemia de coronavírus deixou as eleições prévias americanas em segundo plano, mas elas ainda estão em curso — apesar de alguns estados terem cancelado suas votações devido à emergência de saúde. Dois desenvolvimentos recentes valem nota.

Apoio a Trump

Com as primárias realizadas na Flórida e em Illinois nesta terça-feira (17), o presidente Donald Trump alcançou o número necessário de delegados para a nomeação e, portanto, será o candidato do Partido Republicano nas eleições presidenciais de 3 de novembro.

A vitória de Trump na corrida intrapartidária já era amplamente esperada, já que ele concorre praticamente sozinho e tem apoio massivo do partido — a ponto de alguns estados terem cancelado suas prévias e designado todos os seus delegados para Trump, como o Arizona, que só realizou a primária democrata.

A indicação demonstra a força da campanha de reeleição de Trump, enquanto democratas ainda estão divididos entre moderados e socialistas.

"Isso mostra todo o entusiasmo por trás do presidente Trump, mostra como os republicanos estão unidos e quão intenso é o apoio a ele", disse o porta-voz da campanha de Trump, Tim Murtaugh, depois das primárias desta terça. "Os republicanos e os apoiadores do presidente Trump estão ansiosos para se envolverem no processo que terminará com sua reeleição em novembro”.

Até agora, ele conseguiu todos os delegados estaduais do partido, com exceção de um que foi para o seu concorrente Bill Weld. É uma situação bem diferente do que viu em 2016, quando concorreu à nomeação contra o senador Ted Cruz e só conseguiu conquistar a maioria dos delegados no fim de maio.

A união do partido será um fator ainda mais importante agora que a Casa Branca enfrenta a pior crise de saúde e econômica da década por causa do novo coronavírus (Sars-Cov-2). Ainda é cedo para dizer como a pandemia vai influenciar a percepção dos eleitores quanto ao governo Trump. Ainda não se sabe o tamanho real da crise e medidas de resposta ao coronavírus são anunciadas pelo governo diariamente.

Mas nos últimos dias a aprovação do governo deu uma escorregada: caiu de 49% para 44%, segundo o instituto de pesquisas Gallup. A popularidade caiu inclusive entre os eleitores republicanos, mas Trump ainda tem o apoio de mais de 90% deste eleitorado.

A Gallup salientou que, como o levantamento foi feito entre 12 e 13 de março, início do surto de coronavírus nos Estados Unidos, ainda não é possível saber se a variação reflete as ações de Trump ao lidar com a crise ou se é resultado do fim do processo de impeachment, período em que houve um aumento relevante da popularidade do presidente. Uma outra pesquisa, divulgada nesta quarta-feira, mostrou os americanos divididos quanto à resposta do governo ao coronavírus, mas aqueles que apoiam ainda estão em maior número do que os que condenam.

O grande comparecimento dos republicanos nas urnas nestas eleições prévias, que em alguns estados superou recordes do ex-presidente Barack Obama quando da sua campanha de reeleição em 2012, também ajudará Trump a navegar pela crise do coronavírus ao encorajar o apoio dos congressistas republicanos às propostas ousadas da Casa Branca para estimular a economia, que incluem um pacote de incentivo de US$ 1 trilhão e até uma proposta de dar US$ 1 mil para os americanos.

Biden, o favorito dos democratas

As primárias desta terça-feira também definiram a corrida pela nomeação democrata. Nenhum candidato conquistou a maioria dos delegados ainda, mas o ex-vice-presidente Joe Biden alavancou sua candidatura com vitórias na Flórida, Illinois e Arizona.

Agora ele tem cerca de 300 delegados a mais do que o seu principal rival, o socialista Bernie Sanders. A deputada Tulsi Gabbard tem apenas um delegado, mas continua na disputa.

Desde as primárias da Carolina do Sul, Sanders não vem tendo bons resultados. Era o líder até então, mas viu o apoio a Biden crescer enquanto os outros candidatos se retiravam da disputa. O senador de Vermont também não conseguiu conquistar os votos de um dos principais eleitorados do Partido Democrata: os afroamericanos.

O gerente de campanha de Sanders, Faiz Shakir, disse nesta quarta-feira que o candidato reavaliará suas chances de concorrer à Casa Branca. "A próxima primária será daqui a três semanas. O senador Sanders vai ter conversas com apoiadores para avaliar sua campanha", afirmou em comunicado — um sinal de que o candidato progressista está considerando encerrar sua candidatura.

Há pressão dos democrata para que ele faça isso em nome da união do partido. No último debate presidencial, Sanders e Biden já evitaram pegar pesado nas críticas entre eles e reforçaram o objetivo em comum de derrotar Donald Trump em novembro — diferente do que aconteceu em 2016, quando Sanders disputava a nomeação com Hillary Clinton e o conflito entre os dois acabou prejudicando o desempenho da candidata democrata na eleição presidencial. Caso Sanders deixe a disputa, o apoio dele a Biden será essencial para que o ex-vice-presidente tenha êxito em converter para si os votos dos democratas mais jovens, que formam a base de apoiadores de Sanders.

Apesar das recentes definições nos dois partidos, é difícil enxergar como o Estados Unidos chegarão às eleições de novembro. A pandemia do novo coronavírus promete abalar a política americana e influenciar os votos, seja a favor de um ou outro candidato.

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