Ouça este conteúdo
A Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovou nesta quarta-feira (13) o impeachment do presidente Donald Trump. Acusado de "incitar insurreição", Trump se torna o primeiro presidente na história americana a receber duas vezes essa punição.
Diferentemente do que aconteceu em dezembro de 2019, quando Trump sofreu o primeiro impeachment na Câmara, a medida teve também o apoio de alguns parlamentares republicanos. A votação teve início por volta das 15:50 (17:50 em Brasília), após um debate de mais de duas horas, e terminou com 232 votos a favor e 197 votos contrários ao impeachment. Todos os democratas votaram a favor do impeachment, enquanto dez republicanos apoiaram a medida.
A decisão, que ainda será julgada pelo Senado, não remove Trump do cargo e também não impede que o republicano concorra à presidência nas eleições de 2024.
A resolução de impeachment, apresentada por deputados democratas após o tumulto que culminou com a invasão ao Capitólio e resultou em cinco mortes na semana passada, consistia de apenas um artigo, citando "incitação a insurreição". Após a aprovação, a resolução será agora encaminhada ao Senado, que fará um julgamento para condenar ou absolver Trump. O Senado está em recesso até o dia 19 de janeiro, um dia antes da transição de poder no Executivo americano. O líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell, já indicou que a casa não deve se reunir para o julgamento antes de Trump deixar o poder.
Para ser afastado da presidência, dois terços dos senadores precisam votar a favor do impeachment. Isso exigiria que pelo menos 17 senadores republicanos mudassem de lado.
Caso isso aconteça, os senadores podem votar para que Trump seja desqualificado de concorrer à presidência no futuro. Essa votação precisaria apenas de uma maioria simples para ser aprovada.
McConnell afirmou nesta tarde que ainda não decidiu como votará no julgamento de impeachment. "Enquanto a imprensa faz especulações, eu ainda não tomei uma decisão final sobre como votarei e pretendo ouvir os argumentos legais quando esses forem apresentados ao Senado", disse o republicano em carta a colegas do Senado.
Segurança reforçada
Após os ataques ao Capitólio na semana passada, as medidas de segurança foram reforçadas para a votação no Congresso e também nos capitólios dos 50 estados americanos. O FBI alertou que "protestos armados" estavam programados em todos os estados do país.
Trump pediu que os manifestantes não promovessem atos de violência e vandalismo, em comunicado divulgado enquanto a sessão de impeachment estava em andamento. Segundo a imprensa americana, o presidente assistiu à votação na Casa Branca.
O que diz o artigo de impeachment
"O presidente Trump ameaçou gravemente a segurança dos Estados Unidos e de suas instituições governamentais", diz o pedido de impeachment de apenas quatro páginas. Além disso, o documento afirma que Trump "continuará sendo uma ameaça à segurança nacional, à democracia e à Constituição se for autorizado a permanecer no cargo".
O texto teve co-autoria dos deputados democratas David Cicilline, Ted Lieu e Jamie Raskin, todos membros do Comitê Judiciário da Câmara e próximos da liderança democrata da Câmara.
O pedido também salienta os esforços do presidente de "subverter e obstruir" a certificação da eleição presidencial de 2020 e faz referência à ligação de Trump ao secretário de estado da Geórgia (estado tradicionalmente republicano, mas que votou democrata desta vez), Brad Raffenspenger para "encontrar" votos suficientes para reverter o resultado no estado.