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O ex-presidente dos EUA e candidato republicano à presidência, Donald Trump, durante evento de campanha em Mint Hill, na Carolina do Norte, no final de setembro
O ex-presidente dos EUA e candidato republicano à presidência, Donald Trump, durante evento de campanha em Mint Hill, na Carolina do Norte, no final de setembro| Foto: EFE/EPA/ERIK S. LESSER

O republicano Donald Trump ou a democrata Kamala Harris terá pela frente no início do seu mandato dois desafios na política externa que provavelmente não diminuirão de temperatura até 20 de janeiro, data da posse do vencedor da eleição presidencial de 5 de novembro nos Estados Unidos: as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.

Ambos têm falado bastante dos dois temas durante a campanha, enfatizando a necessidade de estabilização nas duas regiões, mas não apresentaram por ora planos de como pretendem promover a paz.

Trump vem acusando os democratas de deixar o mundo à beira da Terceira Guerra Mundial e, no conflito da Ucrânia, os republicanos têm sido muito críticos à ajuda da gestão Joe Biden a Kiev sem que haja perspectiva de fim da guerra contra a Rússia.

“No governo do presidente Trump [2017-2021], não tínhamos nenhuma guerra no Oriente Médio, nenhuma guerra na Europa e [havia] harmonia na Ásia, nenhuma inflação, nenhuma catástrofe no Afeganistão. Em vez disso, tínhamos paz”, afirmou Trump em comunicado publicado no seu site.

Até o final de setembro, os Estados Unidos haviam fornecido mais de US$ 61,3 bilhões em assistência militar à Ucrânia, além de ajuda financeira e humanitária.

Entre o final de 2023 e abril, a maioria republicana na Câmara dos Estados Unidos travou a aprovação de um novo pacote para a Ucrânia, alegando excesso de gastos da gestão Biden e cobrando medidas mais duras para o combate à imigração ilegal na fronteira com o México.

Por fim, o Congresso americano aprovou um pacote de US$ 95 bilhões para fornecer ajuda militar à Ucrânia, Israel e à região do Indo-Pacífico (incluindo Taiwan). Quanto ao conflito dos israelenses contra grupos terroristas islâmicos, os republicanos vêm exigindo que Biden acelere a liberação de mais recursos para o país aliado.

Na semana passada, após o ataque do Irã com cerca de 200 mísseis contra Israel, Kamala alegou que seguirá ajudando militarmente o governo de Benjamin Netanyahu.

“Como eu disse, sempre garantirei que Israel tenha a capacidade de se defender contra o Irã e as milícias terroristas apoiadas pelo Irã. Meu compromisso com a segurança de Israel é inabalável”, afirmou.

No debate com Trump em setembro, ela disse que, se eleita, buscará a criação de um Estado palestino, mas não indicou como fará isso.

“Devemos traçar um caminho para uma solução de dois Estados. E nessa solução, deve haver segurança para o povo israelense e Israel e em igual medida para os palestinos”, afirmou.

A democrata não consegue disfarçar sua antipatia por Netanyahu: em entrevista à emissora CBS nesta semana, ela desconversou quando perguntada se o premiê de Israel seria “um aliado realmente próximo”.

“A melhor pergunta é: temos uma aliança importante entre o povo americano e o povo israelense? E a resposta para essa pergunta é sim”, disse a vice-presidente de Biden.

Trump, que durante seu primeiro mandato transferiu a embaixada dos Estados Unidos de Tel Aviv para Jerusalém e reconheceu os assentamentos israelenses na Cisjordânia (esta medida foi revertida por Biden), também prometeu manter o apoio a Israel, mas cobrou de Netanyahu uma resolução rápida do atual conflito.

“Israel tem que fazer um trabalho melhor de relações públicas, francamente, porque o outro lado está vencendo na frente de relações públicas”, afirmou o republicano, que pediu aos israelenses para “acabarem logo” com a guerra.

Kamala acusa Trump de buscar rendição da Ucrânia

O tema Ucrânia é mais espinhoso para Trump. Após criticar o envio de bombas de fragmentação americanas para as forças ucranianas e os pacotes de ajuda a Kiev, em setembro ele se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Nova York, e prometeu que conseguirá um acordo “bom para ambos os lados” antes da sua posse caso seja eleito. Entretanto, não adiantou qual seria esse plano.

Em junho, a agência Reuters informou que dois ex-membros do Conselho de Segurança Nacional durante o governo de Trump elaboraram uma proposta de paz na Ucrânia com três eixos principais.

O primeiro seria dizer à Ucrânia que só receberá mais ajuda militar dos Estados Unidos se iniciar conversações de paz. O segundo seria alertar a Rússia que qualquer recusa em negociar teria como resposta mais envio de armas americanas aos ucranianos.

O terceiro eixo seria um cessar-fogo durante as negociações de paz baseado nas linhas de batalha que estão prevalecendo atualmente no conflito. Entretanto, a Ucrânia disse que só aceita iniciar conversas se as tropas russas deixarem seu território.

Tanto os ex-conselheiros entrevistados pela Reuters quanto a campanha do republicano se recusaram a confirmar que esse deve ser o plano de Trump caso eleito.

Kamala disse que seguirá ajudando a Ucrânia caso saia vencedora em novembro e, na entrevista à CBS, descartou negociações bilaterais com o ditador russo, Vladimir Putin, para discutir o fim da guerra. “Sem a Ucrânia? Não”, afirmou a democrata.

Ela afirmou que, na verdade, o plano de Trump para a paz na Ucrânia seria forçar a rendição de Kiev.

“Donald Trump, se ele fosse presidente, Putin estaria sentado [na cadeira de presidente da Ucrânia] em Kiev agora. Ele fala sobre, ‘Oh, ele pode acabar com a guerra no primeiro dia!’. Você sabe o que é isso. É sobre rendição”, acusou.

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