Isolacionismo e mão dura, realpolitik e militarismo. Donald Trump, provável candidato presidencial republicano para as eleições de novembro, defende uma doutrina de política exterior dos Estados Unidos que combina o rechaço às intervenções internacionais com uma exaltação nacionalista e militar.
“Hoje, nossa política exterior é um desastre completo e total”, disse Trump, que retratou a primeira potência mundial como um país que ninguém, nem inimigos nem aliados, respeita.
O plano Trump defende uma política exterior agressiva e, ao mesmo tempo, uma retirada estratégica. Ao mesmo tempo que repreende os aliados da Otan por gastarem pouco com defesa e ameaça deixá-los fora do guarda-chuva norte-americano, expressa a vontade de conviver bem com os aliados árabes e com China e Rússia.
Nossos amigos e inimigos colocaram seus países acima do nosso e nós devemos fazer o mesmo.
Se devemos procurar uma linha comum em sua doutrina, poderia ser definido como o isolacionismo militarista. Não é por acaso que a instituição que organizou o ato tenha sido o Centro para o Interesse Nacional, um think tank fundado pelo presidente Richard Nixon que segue a doutrina do realismo político, ou realpolitik, defendendo que são os interesses, e não os ideais, que devem guiar a política externa de um país. No Conselho de Administração do centro estão as figuras mais ilustres dessa escola, como Henry Kissinger e Brent Scowcroft.
Trump acredita que o problema essencial dos EUA é que parou de colocar seus interesses antes que os do resto. “Nossos amigos e inimigos colocaram seus países acima do nosso e nós devemos fazer o mesmo, sem deixar de tratá-los bem”, disse, em uma combinação de diplomacia e protecionismo. “Não vamos entregar este país ou seu povo à música falsa do globalismo”.
O discurso abre uma dança delicada entre Trump e o establishment republicano. Ele é um homem que chegou às portas da nomeação descartando boa parte das ideias do partido e insultando alguns de seus membros mais proeminentes. A cúpula do partido está horrorizada com a perspectiva de que seu candidato, seu novo líder, seja um demagogo inexperiente e com uma retórica xenófoba e misógina que assusta os eleitores necessários para ganhar a Casa Branca.
Trump se conecta, como demonstrou nos últimos meses, com as bases, também na política exterior. Há um cansaço de guerras nos EUA, depois da década de guerras fracassadas no Iraque e no Afeganistão. E o livre comércio provoca suspeitas: é visto como causa do desemprego, da realocação de empresas no exterior, da desindustrialização e da estagnação dos salários. Trump recolhe o mal-estar da base e adota posições opostas ao dogma republicano.
Um presidente Trump seria uma ruptura não só com o Partido Republicano, tradicionalmente o partido dos falcões, mas com a política exterior norte-americana. A candidata mais falcão dessas eleições provavelmente seja Hillary Clinton.
Número de obras paradas cresce 38% no governo Lula e 8 mil não têm previsão de conclusão
Fundador de página de checagem tem cargo no governo Lula e financiamento de Soros
Ministros revelam ignorância tecnológica em sessões do STF
Candidato de Zema em 2026, vice-governador de MG aceita enfrentar temas impopulares