Uma série de tweets do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a investigação dos contatos entre sua campanha e a Rússia levaram a críticas de congressistas republicanos e democratas neste domingo (3). Trump disse na madrugada de domingo que nunca pediu que James Comey, ex-diretor do FBI, a polícia federal dos EUA, parasse de investigar Michael Flynn, que foi conselheiro de Segurança Nacional do governo Trump.
O próprio Comey, porém, havia dito anteriormente que o presidente pediu que ele não investigasse Flynn.
No sábado, Trump tuitou que havia demitido Flynn por ter mentido ao FBI e ao vice-presidente.
Alguns congressistas democratas e especialistas dizem que, se Trump sabia que Flynn tinha mentido e pressionou Comey a abandonar a investigação, isso poderia significar que o presidente cometeu obstrução de justiça.
Dianne Feinstein, a democrata mais graduada do Comitê Judiciário do Senado, disse neste domingo que acreditava que os indiciamentos até agora e os tweets de Trump apontavam para um crime.
"Eu vejo de forma mais destacada no que aconteceu com a demissão do diretor Comey. E é minha crença de que isso aconteceu diretamente porque ele não concordou em levantar a ameaça da investigação sobre a Rússia. Isso é obstrução de justiça", disse ela em um programa de TV.
"O presidente sabia que [Flynn] havia mentido ao FBI, o que significa que quando ele falou com o diretor do FBI e pediu que ele abandonasse o caso, ele sabia que Flynn tinha cometido um crime federal", disse Adam Schiff, deputado democrata.
"Eu diria isso ao presidente: há uma investigação criminal em curso", disse o senador republicano Lindsey Graham. "Você tuíta e comenta sobre uma investigação criminal em curso por sua própria conta e risco."
O advogado de Trump, John Dowd, disse em entrevista à agência Reuters que ele havia escrito o tweet em que Trump dizia que Flynn tinha mentido ao FBI e que a mensagem tinha sido um "erro". "Eu me responsabilizo."
Indiciamento
Flynn foi indiciado por falso testemunho na noite de quinta (30), por ter mentido ao FBI que não falara com Sergei Kislyak, embaixador da Rússia, ainda antes de Donald Trump assumir a presidência, em dezembro do ano passado. Na ocasião, ele teria solicitado a Kislyak que evitasse responder às sanções propostas pelo então presidente Barack Obama contra a Rússia, naquele mesmo dia.
Em resposta ao contato de Flynn, o embaixador afirmou que iria moderar a reação russa. O ex-conselheiro pediu demissão do governo depois da revelação da conversa, em fevereiro deste ano.
A investigação contra Flynn está sob o comando de Robert Mueller, procurador especial do FBI, que apura as relações do Kremlin com os EUA ""e sua eventual influência na administração de Trump e nas eleições americanas em 2016.
Mueller já indiciou o ex-diretor de campanha de Trump, Paul Manafort, por lavagem de dinheiro e fraude tributária em serviços prestados ao ex-presidente da Ucrânia Viktor Yanukovitch. Seus vínculos com os russos, porém, também são investigados.
Existe a expectativa de que, com o acordo, Flynn faça novas revelações ao FBI sobre as relações entre o governo Trump e os russos.
Os advogados de Flynn informaram à Casa Branca que não poderiam mais compartilhar informações com a equipe de advogados do presidente. Flynn é o primeiro membro do alto escalão da administração Trump que é indiciado na investigação de Mueller.
O presidente tem negado veementemente que tenha havido conluio entre sua campanha e os russos.
Ataques
Trump também usou as redes sociais para atacar o FBI neste domingo, dizendo que a polícia está "em frangalhos" e que é "a pior da história", mas que seu governo vai trazê-la "de volta à grandiosidade".