O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ressaltou na manhã de hoje que pretende fazer valer as sanções que entram em vigor contra o Irã. Segundo ele, nenhum país que estiver mantendo negócios com o país persa poderá fazer o mesmo com os americanos. Além disso, Trump disse que as sanções contra Teerã devem ser endurecidas em novembro.
"As sanções contra o Irã foram oficialmente lançadas. Elas são as mais duras sanções já impostas e em novembro serão levadas a outro nível", afirmou Trump em mensagem no Twitter. "Qualquer um que manter negócios com o Irã NÃO fará negócios com os Estados Unidos. Eu estou pedindo a PAZ MUNDIAL, nada menos!", escreveu.
The Iran sanctions have officially been cast. These are the most biting sanctions ever imposed, and in November they ratchet up to yet another level. Anyone doing business with Iran will NOT be doing business with the United States. I am asking for WORLD PEACE, nothing less!
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) 7 de agosto de 2018
O governo americano já havia anunciado ontem a entrada em vigor das sanções. Trump retirou os EUA de um acordo internacional que regula o programa nuclear iraniano, em troca da retirada de sanções econômicas ao país. Para o presidente americano, o acordo ainda em vigor não garante que o regime de Teerã seja impedido de buscar armas nucleares.
O Irã, por sua vez, critica a postura de Washington e afirma que tem cumprido sua parte no acordo e não busca armas nucleares. O presidente Hassan Rouhani afirmou nesta segunda-feira (6) que o país pode confiar na China e na Rússia para ajudar seus setores petrolífero e bancário.
"Nosso governo é poderoso e é capaz de abrir o mercado de moedas estrangeiras no mesmo dia", afirmou Rouhani. O presidente iraniano disse que não tem "pré-condições" para negociar com americanos, "se o governo dos EUA estiver pronto para negociar o pagamento de indenização [por intervenção] à nação iraniana de 1953 até agora". Ele sugeriu ainda que pode fechar o Estreito de Hormuz, por onde passa um terço da produção de petróleo mundial, em resposta ao prejuízo das sanções às exportações de petróleo.
Negócios prejudicados
A União Europeia e outras partes envolvidas, como a Rússia, continuam a fazer parte do pacto, mas há o temor de que empresas de vários países, inclusive da Europa, evitem negócios com o Irã, diante do temor de perder contratos nos EUA. Ontem, o bloco europeu anunciou uma norma voltada a "mitigar o impacto sobre os interesses de companhias da UE que fazem negócios legítimos com o Irã". A norma europeia veta o cumprimento das sanções americanas dentro da UE, a menos que a Comissão Europeia autorize expressamente esse cumprimento.
As companhias alemãs podem ser as grandes prejudicas neste cenário. A fabricante de carros Daimler AG, dona da Mercedes Benz, anunciou nesta terça-feira que suspendeu suas atividades no Irã devido à reimposição das sanções americanas ao país. Quando o acordo nuclear entrou em vigência, em 2016, a Daimler foi uma das empresas que rapidamente estabeleceu comércio com o Irã, assinando acordos preliminares com a maior fabricantes de veículos do Irã, a Iran Khodro, para vender e produzir caminhões, de acordo com o site Bloomberg.
“Continuaremos a monitorar de perto os desenvolvimentos políticos, especialmente àqueles que dizem respeito ao futuro do acordo nuclear”, afirmou a empresa.
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Por que os EUA se retiraram do acordo?
A decisão foi anunciada em maio, quando Trump disse que os Estados Unidos não se envolverão mais em “tratados vazios”. Segundo ele, a saída do tratado fará com que os Estados Unidos fiquem muito mais seguros.
O presidente americano afirmou, em comunicado, que o Irã "ameaça os Estados Unidos e seus aliados, mina o sistema financeiro internacional e apoia o terrorismo e militantes armados em todo o mundo". "Reimpor as sanções intensifica a pressão para que o Irã mude a sua conduta", disse.
A Casa Branca incentivou outras nações a tomarem "as mesmas medidas para deixar claro que o regime iraniano tem uma escolha: ou muda seu comportamento ameaçador e desestabilizador e se reintegra com a economia global, ou seguir por um caminho de isolamento econômico."
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