O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta terça-feira (20) que os fatos envolvendo o assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi podem nunca ser conhecidos. Na última sexta-feira (16), autoridades ligadas à Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) disseram que a morte de Khashoggi não poderia ter acontecido sem o envolvimento do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman.
Em comunicado intitulado “America First!” (“América Primeiro”), o republicano afirmou que as agências de inteligência americana continuam a analisar toda informação, “mas que poderia muito bem ser que o príncipe tivesse conhecimento desse evento trágico – talvez sim, talvez não!”, afirmou o presidente americano na nota publicada pela Casa Branca.
Khashoggi, crítico da monarquia do país e colaborador do jornal The Washington Post, foi morto no mês passado, no consulado saudita em Istambul, na Turquia. Desde então, a Casa Branca tem resistido em aceitar a teoria de que o príncipe comandou o assassinato.
Os EUA precisam de apoio da Arábia Saudita para tocar as prioridades de política externa americana e têm necessidade de administrar as relações próximas entre Mohammed e a gestão Trump. O príncipe herdeiro mantém relação próxima com Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente americano.
A Arábia Saudita é aliada dos americanos na luta contra o Irã e, segundo Trump, os EUA “pretendem continuar como parceiros firmes para garantir os interesses do nosso país, de Israel e de todos os outros aliados na região”.
No sábado (17), o Departamento de Estado negou que as agências tenham chegado a uma conclusão que ligasse o príncipe ao assassinato de Khashoggi, reforçando que há “várias perguntas sem resposta”.
Leia também: 9 questões que os sauditas não responderam sobre a morte de Jamal Khashoggi
A declaração veio depois que Trump disse que receberia um relatório completo sobre o assassinato no Consulado da Arábia Saudita em Istambul no mês passado, e depois que a CIA avaliou com confiança que o príncipe herdeiro ordenou a morte de Khashoggi.
Nenhuma informação da CIA foi apresentada no comunicado, e Trump disse que a agência ainda estava investigando a questão.
Na declaração de oito parágrafos, o presidente elogiou os laços econômicos da Arábia Saudita com os Estados Unidos e enfatizou a oposição do país ao Irã. Ele observou que a Arábia Saudita considerava Khashoggi um “inimigo do Estado” e um membro da Irmandade Muçulmana, mas insistiu que “minha decisão não se baseou nisso”.
Ele também descartou cortar negócios com a Arábia Saudita, dizendo que a Rússia e a China se beneficiariam disso.
Trump ainda criticou o Congresso, onde tramitam medidas que buscam punir o aliado do presidente.
“Eu entendo que há membros do Congresso que, por razões políticas ou outras, gostariam de seguir uma direção diferente - e eles são livres para isso. Eu vou considerar todas as ideias apresentadas a mim, mas só se forem consistentes com a absoluta segurança da América.”
Última coluna de Khashoggi: O que o mundo árabe mais precisa é de liberdade de expressão
Apesar da conclusão da CIA, ele disse, “talvez nunca saibamos todos os fatos que cercam o assassinato de Jamal Khashoggi. De qualquer forma, nosso relacionamento é com o reino da Arábia Saudita. Eles têm sido um grande aliado em nossa luta muito importante contra o Irã”.
Os Estados Unidos, disse ele, “pretendem permanecer um parceiro firme da Arábia Saudita”.
Investigação
A monarquia saudita nega qualquer relação do príncipe com o crime.
Para chegar à conclusão de que Mohammed era responsável, a CIA analisou múltiplas fontes de informações sobre o caso, incluindo um telefonema que o irmão do príncipe Khalid bin Salman, embaixador saudita nos EUA, fez para Khashoggi, segundo fontes que tiveram acesso ao relato.
A conclusão foi baseada ainda na avaliação da própria agência de que o príncipe herdeiro é o comandante real do país e controla cada aspecto do reinado saudita.
Khalid disse ao jornalista que ele deveria ir ao consulado em Istambul para pegar documentos e deu a ele garantias de que estaria seguro.
A operação teria saído do controle quando o jornalista foi amarrado e recebeu uma injeção com grande quantidade de uma droga que lhe causou overdose e sua posterior morte.
Na última quinta (15), o procurador-geral da Arábia Saudita culpou pelo assassinato um grupo de agentes enviados a Istambul para repatriar Khashoggi.
O procurador acusou 11 suspeitos pelo crime e pediu a pena de morte para cinco deles.
Segundo a Procuradoria-geral saudita, seu corpo foi esquartejado e retirado do edifício. Não se sabe onde estão seus restos mortais.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast
Eleição para juízes na Bolívia deve manter Justiça nas mãos da esquerda, avalia especialista