O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reembolsou seu advogado pelo pagamento de US$ 130 mil feito à atriz pornô Stephanie Clifford dias antes das eleições de 2016, afirmou nesta quarta-feira (2), Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York e recém-integrado à equipe de defesa do presidente. Anteriormente, Trump havia dito que não sabia qual era a origem do dinheiro que foi repassado à atriz, conhecida profissionalmente como Stormy Daniels.
Leia também: O histórico sexual de Trump pode pô-lo em risco caso ele testemunhe em algum caso
Em entrevista à rede Fox News, Giuliani, que se juntou à equipe jurídica de Trump na investigação sobre a Rússia no mês passado, disse que o dinheiro usado para pagar Michael Cohen (também advogado de Trump e quem negociou o silêncio da atriz) foi “canalizado pelo escritório de advocacia e o presidente fez o reembolso”.
Questionado se Trump sabia do acordo, Giuliani disse: “Ele não sabia sobre as especificidades do acordo, até onde eu sei. Mas ele sabia sobre o arranjo geral, que Michael resolveria as coisas dessa forma, como eu também resolvo questões assim para meus clientes. Eu não os sobrecarrego com todos os detalhes que aparecem. Eles (os clientes) são pessoas ocupadas”, afirmou.
A declaração de Giuliani contradiz o pronunciamento feito por Trump há algumas semanas, em que ele disse não saber do pagamento feito a Daniels, como parte de um acordo para que ela não tornasse público um caso que teria tido com Trump. Na ocasião, o presidente também afirmou não saber da origem do dinheiro e negou qualquer relação com Daniels.
Ainda nesta quarta-feira, mas em outra entrevista, desta vez ao jornal The Wall Street Journal, Giuliani insinuou que, apesar de o presidente ter reembolsado Cohen, o advogado teria feito o pagamento à atriz sem o conhecimento de Trump.
Procurado novamente pelos jornalistas após a transmissão da Fox, Giuliani reforçou que Trump reembolsou o advogado, mas que isso não seria ilegal. “Não há violação de financiamento de campanha, não há crime de nenhuma forma.” Questionado sobre o conflito de sua declaração com a explicação dada anteriormente por Trump, ele disse que isso também não era um problema.
A legislação de financiamento de campanhas nos Estados Unidos restringe a uma doação máxima de US$ 5,4 por indivíduo para a campanha de um candidato a cada ciclo eleitoral. No caso de autofinanciamento, não há limite. A Lei de Campanha Eleitoral Federal define contribuição como “qualquer coisa de valor” com a intenção de influenciar a eleição.
Leia também: Atriz pornô processa Trump por difamação e pede indenização de US$ 75 mil
A rigor, os fatos apresentados por Giulini não necessariamente absolveriam o presidente de possíveis violações. Nenhuma lei limita os gastos dos candidatos em suas campanhas, mas se Trump pagou Clifford para proteger sua candidatura, ele poderia ser obrigado a divulgar isso como uma despesa de campanha, segundo especialistas consultados.
Além disso, se Cohen forneceu esse recurso de forma antecipada, o movimento poderia ser considerado uma contribuição, que excederia o limite legal e teria também de ter sido divulgado.
Procurado, Cohen não respondeu a um pedido de entrevista. O advogado é investigado por fraude bancária e possíveis violações de financiamento de campanha. Ele nega ter cometido irregularidades. No mês passado, agentes do FBI vasculharam o escritório de Cohen e apreenderam diversos materiais relacionados à atriz.
A Casa Branca também foi procurada, mas disse que não se pronunciaria e que as perguntas deveriam ser encaminhadas aos advogados do presidente, que não fizeram novos comentários.
Deixe sua opinião