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Ofensiva turca

Trump diz que grupo curdo pode ser ameaça terrorista maior que Estado Islâmico

O presidente dos EUA, Donald Trump, fala a jornalistas na Casa Branca, Washington, 16 de outubro de 2019 (Foto: Olivier Douliery / AFP)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tentou distanciar os EUA do caos crescente no norte da Síria após a retirada de quase todas as tropas americanas na região. Nesta quarta-feira (16), Trump disse que os combatentes curdos aliados dos EUA "não são anjos", enquanto a indignação por sua decisão de retirar as forças americanas continuou a crescer no Congresso americano.

Na Casa Branca, Trump insistiu que o conflito em andamento era "entre a Turquia e a Síria" e não entre "a Turquia e a Síria e os Estados Unidos". Os comentários provocaram uma nova rodada de críticas congressistas republicanos que disseram que a decisão de Trump de retirar as tropas permitiu a incursão turca no norte da Síria que teve início na semana passada.

"Eles não são anjos. Eles não são anjos. Vão lá e deem uma olhada", disse Trump, ao lado do presidente italiano Sergio Mattarella, que visita a Casa Branca nesta quarta-feira. Trump insistiu que os curdos ficariam bem porque eles "sabem lutar".

Mais tarde, em uma entrevista coletiva com Mattarella, Trump disse que o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, ou o PKK - um grupo militante que lança regularmente ataques dentro da Turquia em nome do nacionalismo curdo - era respeitado pelo Estado Islâmico (EI) "porque é tão durão , ou mais durão que o EI".

O republicano disse ainda que o PKK é "provavelmente uma ameaça terrorista maior, sob muitos aspectos, do que o EI".

Câmara condena decisão de Trump

A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou uma resolução em uma votação esmagadora dos dois partidos que repreende a decisão de Trump de retirar as tropas americanas do norte da Síria - uma decisão anunciada em 6 de outubro que encontrou poucos defensores no Congresso. O resultado da votação foi de 354 a 60. Todos os líderes do Partido Republicano estavam entre os 129 republicanos que apoiaram a resolução.

A estratégia da Câmara visa forçar Trump a assinar ou vetar uma legislação que repreendeu sua própria decisão.

Os comentários de Trump desta quarta-feira continuaram a enviar mensagens confusas do governo sobre a situação na Síria, mesmo enquanto o vice-presidente Mike Pence e o secretário de Estado Mike Pompeo estavam programados para partir quarta-feira para Ancara tentar negociar um cessar-fogo imediato com o presidente turco Recep Tayyip Erdogan.

Em declarações públicas na segunda-feira, funcionários do governo também adotaram uma linha mais dura com a Turquia do que Trump, confundindo a mensagem dos Estados Unidos sobre as hostilidades no norte da Síria.

"A ofensiva militar da Turquia no nordeste da Síria está minando a campanha para derrotar o EI, colocando em risco civis inocentes e ameaçando a paz, segurança e estabilidade na região", disse Kelly Craft, embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas (ONU), na segunda-feira. "Deixamos claro com a Turquia que quaisquer ações no nordeste da Síria que violem o direito internacional, incluindo o direito internacional humanitário, são inaceitáveis".

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