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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala com jornalistas ao deixar a Casa Branca para um comício na Carolina do Norte em 17 de julho de 2019, Washington, EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fala com jornalistas ao deixar a Casa Branca para um comício na Carolina do Norte em 17 de julho de 2019, Washington, EUA| Foto: Brendan Smialowski / AFP

"Essas congressistas estão ajudando a ascensão de uma esquerda militante e hostil. Elas nunca têm nada de bom para dizer e é por isso que eu digo: 'se elas não gostam, que saiam'", disse o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um comício na Carolina do Norte, na noite de quarta-feira (17). Mais do que uma simples briga ou confronto político, as críticas ao "esquadrão" progressista, composto pelas deputadas democratas Alexandria Ocasio-Cortez, Ilhan Omar, Ayanna Pressley e Rashida Tlaib, têm se revelado uma estratégia da campanha de reeleição para Trump, que, até o momento, tem se mostrado efetiva - pelo menos entre os republicanos.

Uma pesquisa de opinião pública conduzida pelo Ipsos e pela Reuters mostrou que o apoio ao presidente entre os republicanos aumentou 5 pontos percentuais depois dos controversos tuítes de Trump no fim de semana, nos quais ele sugeriu às "congressistas democratas" a voltar e ajudar "a consertar os lugares totalmente falidos e infestados de crime de onde elas vieram". A pesquisa foi realizada entre segunda e terça-feira (15 e 16) e mostrou uma aprovação de 72%. Entre os americanos em geral, o nível de popularidade de Trump permanece o mesmo: 41%, segundo esta pesquisa.

Segundo analistas da política norte-americana, os comentários de Trump direcionados ao "esquadrão" fazem parte de uma estratégia calculada para a sua reeleição em 2020. O republicano teria escolhido um abordagem mais divisiva, acreditando que em um país polarizado as pessoas simplesmente escolherão um lado em questões como raça, e sua campanha acredita que essa estratégia traria mais benefícios do que riscos.

"Não importa se os seus tuítes são racistas ou não - eu não estou dizendo que eles são ou não - ele está conseguindo fazer com que a mídia transforme essas congressistas extremamente progressistas, socialistas e tolas na cara do Partido Democrata. O que ele está fazendo agora é triste, mas é política inteligente", disse Terry Sullivan, que já coordenou campanhas de republicanos e é um crítico frequente de Donald Trump, relatou a agência de notícias Associated Press.

O estrategista chefe da campanha de Barack Obama, David Axelrod, disse pelo Twitter que com a sua "explosão racista", o republicano pretende aumentar a visibilidade dos seus alvos, fazer com que os democratas as defendam e assim torná-las emblemáticas de todo o partido. Ou seja, a intenção é associar todo o Partido Democrata a essa base mais esquerdista.

Uma pesquisa recente mostra que Trump lidera quando os eleitores têm que escolher entre ele e um candidato que acreditam ser um "socialista". A descoberta sugere, portanto, que a inclinação à esquerda do candidato democrata favorece Trump, e que ele deve trabalhar para que seus adversários sejam vistos dessa forma pelo eleitorado.

Nas eleições de 2016, Trump teve 20 pontos de vantagem entre os eleitores brancos, e ele espera ter uma votação maior desse grupo para garantir uma vitória nas próximas eleições, especialmente entre brancos evangélicos e mais velhos, segundo o site americano de notícias e análises Axios. Comentaristas políticos argumentam que o discurso de Trump motiva essa base, ao mesmo tempo que força os democratas a defenderem minorias de esquerda, o que motiva ainda mais essa base a apoiar Trump.

Assim, as quatro deputadas do "esquadrão" seriam os alvos até a definição do nome do Partido Democrata que disputará com Trump a corrida presidencial. Depois disso, ele tentará fazer o mesmo com o seu adversário, avalia a Axios.

Trump vê os ataques às congressistas como um sucesso político e planeja continuar com essas medidas enquanto avança em sua campanha, pessoas próximas ao presidente disseram à rede de televisão CNN. Segundo a rede americana, assessores de Trump inicialmente se preocuparam com as implicações raciais dos ataques, mas muitos deles agora dizem que a tática do presidente de associar o "esquadrão" aos democratas é uma tática vitoriosa e saíram em defesa do presidente.

"Nova pesquisa: a Rasmussen Poll, uma das mais precisas ao prever as eleições de 2016, acaba de anunciar que os números para "Trump" recentemente aumentaram em quatro pontos, para 50%. Obrigado às cruéis jovens congressistas socialistas. A América nunca vai comprar vocês!"

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