Pressão
Congresso americano exige mais respostas do FBI sobre os atentados
Reuters
Parlamentares norte-americanos exigiram ontem mais respostas sobre os atentados na Maratona de Boston, mostrando-se insatisfeitos com a reação do FBI a alertas feitos sobre um dos suspeitos e manifestando dúvidas sobre a declaração do outro suspeito de que ele e seu falecido irmão teriam agido sozinhos.
Alguns membros do Congresso questionaram se o FBI (polícia federal dos EUA) e outros órgãos de segurança deixaram de partilhar informações sobre o suspeito Tamerlan Tsarnaev em 2011, mesmo após a adoção de regras para melhorar a difusão de informações entre autoridades, após o atentado de 11 de setembro de 2001.
As atenções agora se voltam para até que ponto as autoridades negligenciaram o alerta russo. O FBI o entrevistou em 2011, mas não encontrou motivos para continuar investigando.
O secretário de Estado americano, John Kerry, acredita que Tamerlan Tsarnaev se radicalizou durante uma viagem à Rússia e retornou aos Estados Unidos "com desejo de matar pessoas". Tamerlan, que morreu na semana passada, é acusado junto com o irmão mais novo do atentado à Maratona de Boston, que matou três pessoas e deixou mais de 200 feridos.
Kerry está na Bélgica e foi perguntado por jornalistas se os EUA enfrentam, como a Europa, problemas com jovens que se sentem sem perspectivas e vão para países como a Síria.
"Bem, naturalmente temos o mesmo problema. Temos um jovem que foi à Rússia à Chechênia e explodiu pessoas em Boston. Ele não ficou aonde tinha ido, mas aprendeu alguma coisa lá e voltou com o desejo de matar pessoas", disse o secretário de Estado.
No mesmo dia, um parente dos acusados afirmou que os jovens foram vítimas de um complô russo para retratá-los como terroristas chechenos operando em solo americano.
Said Tsarnaev, residente de Grozny, a capital da turbulenta região russa da Chechênia, acusou o governo russo de enviar informações falsas para os Estados Unidos. Ele disse que a Rússia quer convencer o Ocidente de que a insurgência de islamistas na região do Cáucaso no Norte, na Rússia, se tornou mundial, resultando em um ataque a um alvo americano.
"Isso não teria acontecido sem o envolvimento do lado russo", afirmou Tsarnaev, de 56 anos. "A Rússia precisava mostrar ao Ocidente, incluindo os Estados Unidos, que chechenos são terroristas... Eles precisavam denegrir a reputação e apresentar essas duas pessoas e todo o povo checheno como terroristas. É por isso que tudo aconteceu."
O Kremlin e as autoridades policiais russas não estavam disponíveis de imediato para comentar a declaração. Secretário americano diz que é preciso fazer um trabalho maior com os jovens Os comentários de Kerry foram mais enfáticos do que os de outros integrantes do governo americano, que afirmaram ainda não ser possível determinar se Tamerlan Tsarnaev recebeu treinamento terrorista durante os meses em que esteve no exterior. Seu irmão, Dzhokhar, está internado e foi oficialmente acusado de realizar o ataque em Boston. O secretário afirmou que os países, incluindo os EUA, precisam fazer um trabalho maior com os jovens.
Subsídios
Família dos acusados recebeu ajuda financeira do governo dos EUA
Das agências
De acordo com informações divulgadas ontem pelo jornal Boston Herald, os irmãos acusados de cometer os atentados durante a Maratona de Boston, Tamerlan e Dzhokhar Tsarnaev, bem como suas famílias, receberam durante anos subsídios públicos para estudar, comer e criar os filhos.
Dzhokhar, o mais novo, de 19 anos, tinha uma bolsa de estudos e também ganhava dinheiro vendendo maconha na universidade. Tamerlan, de 26 anos, estava desempregado e cuidava da casa, enquanto sua mulher trabalhava fora.
O escritório de Sanidade e Serviços Públicos de Massachusetts confirmou as informações do Boston Herald. Porém, os valores pagos à família Tsarnaev não foram especificados. Tamerlan parou de receber a ajuda do governo no ano passado, quando deixou de cumprir as exigências necessárias.
A informação de que Dzhokhar vendia maconha foi levantada a partir dos testemunhos de três pessoas que afirmaram ter comprado droga com ele.