A cidade de Cesareia, na costa de Israel, onde os pesquisadores encontraram evidências do enorme alcance das ondas| Foto: Ian W Scott/Creative Commons
Veja a trajetória da onda gigante

A grande erupção do vulcão Thera no Mar Egeu, há mais de 3 mil anos, produziu ondas assassinas que percorreram centenas de quilômetros do leste do Me­­di­terrâneo até inundar a área que hoje é Israel e provavelmente outras regiões costeiras, descobriu uma equipe de cientistas. Os pesquisadores, em artigo publicado na revista Geology, disseram que novas evidências sugerem que tsunamis gigantes da erupção catastrófica atingiram "áreas costeiras por todo o litoral do leste do Mediterrâneo".

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A região, na época, era habitada por civilizações em ascensão em Creta, Chipre, Egito, Fe­­nícia (hoje Líbano) e Turquia. Estudiosos já su­­geriam que a erupção gigante, a apenas 112 km de Creta, po­­de­­ria ter causado o misterioso co­­lapso da civilização minoica no seu apogeu. Os remanescentes da erupção do Thera hoje formam um arquipélago circular de ilhas vulcânicas gregas co­­nhecidas como Santorini.

Acredita-se que Thera tenha entrado em erupção entre 1630 e 1550 a.C., no final da Idade do Bronze. Estudiosos afirmam que os tsunamis e as nuvens densas de cinzas vulcânicas originadas da erupção tiveram repercussões culturais que ecoaram por todo o leste do Mediterrâneo por décadas, ou até mesmo séculos.

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A queda da civilização minoica é geralmente datada ao redor de 1450 a.C. Geólogos julgam que a erupção tenha sido muito mais violenta que a erupção da ilha vulcânica de Krakatoa, na Indonésia, que matou mais de 36 mil pessoas em 1883.

Os cinco pesquisadores que investigam os tsunamis são da Haifa University, em Israel; da Hunter College, em Nova Iorque, McMaster University, no Canadá; e Uni­versity of Hawaii, no Havaí.

A equipe realizou suas escavações fora de Cesareia, cidade costeira de Israel que data dos impérios romano e bizantino. A região, à época da erupção do Thera, era esparsamente habitada, sem nenhuma cidade identificável. A equipe submergiu meia dúzia de tubos no mar próximo à costa e recolheu sedimentos para análise, em busca de sinais padrões da agitação do tsunami. Entre eles, pedra-pomes (a rocha vulcânica que se solidifica a partir de lava espumosa), padrões especiais de microfósseis, materiais culturais de habitações humanas e seixos de praia que raramente aparecem em águas mais profundas.

Em artigo publicado na Geo­logy, revista publicada pela Geo­logical Society of America, a equipe relatou ter descoberto evidências de três tsunamis – dois historicamente documentados, datados dos anos 115 e 551 d.C., e um da época da erupção do Thera.

Os tsunamis do Thera, escreveu a equipe de pesquisadores, deixaram uma camada peculiar de seixos arredondados, padrões especiais de moluscos e inclusões características em fragmentos rochosos, todos orientados para a mesma direção.

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A camada agitada, de até 40 cm, veio de alguns metros abaixo do leito oceânico em águas de até 20 metros de profundidade. "Essas descobertas", escreveu a equipe de pesquisadores, "constituem a evidência mais abrangente de que o evento do tsunami precipitado pela erupção de Santorini alcançou a extensão máxima do leste do Me­­di­­terrâneo".

Os pesquisadores acrescentaram que, se as ondas gigantes eram grandes o suficiente para chegar até Israel, "então possivelmente outras regiões costeiras do final da Idade do Bronze por todo o litoral do leste do Mediterrâneo também foram afetadas".