A grande erupção do vulcão Thera no Mar Egeu, há mais de 3 mil anos, produziu ondas monstruosas que percorreram centenas de quilômetros do leste do Mediterrâneo para inundar a área que hoje é Israel e provavelmente outras regiões costeiras, descobriu uma equipe de cientistas.
Os pesquisadores, em artigo publicado na edição de outubro da Geology, disseram que a nova evidência sugere que tsunamis gigantes originados da erupção catastrófica atingiram "áreas costeiras por todo o litoral do leste do Mediterrâneo".
A região, na época, era habitada por civilizações em ascensão em Creta, Chipre, Egito, Fenícia e Turquia. Durante décadas, estudiosos sugeriram que a erupção gigante, a apenas 112 km de Creta, pode ter causado o misterioso colapso da civilização minoica no seu apogeu.
Os remanescentes da erupção do Thera hoje formam um arquipélago circular de ilhas vulcânicas gregas conhecidas como Santorini. Acredita-se que Thera tenha entrado em erupção entre 1630 e 1550 a.C., no fim da Idade do Bronze, uma época em que muitas culturas humanas produziam ferramentas e armas de bronze.
Estudiosos afirmam que os tsunamis e as nuvens densas de cinzas vulcânicas originadas da erupção tiveram repercussões culturais que ecoaram por todo o leste do Mediterrâneo por décadas, até séculos.
A queda da civilização minoica é geralmente datada ao redor de 1450 a.C. Geólogos julgam que a erupção tenha sido muito mais violenta que a da ilha vulcânica de Krakatoa, na Indonésia, que matou mais de 36 mil pessoas em 1883.
Os cinco pesquisadores sobre os tsunamis vieram da Haifa University, em Israel; da Hunter College, em Nova York, McMaster University, no Canadá; e University of Hawaii, no Havaí. A equipe realizou suas escavações fora de Cesareia, Israel, uma cidade costeira que data da época dos impérios romano e bizantino.
A região costeira era apenas esparsamente habitada na época da erupção do Thera, sem nenhuma cidade identificável. A equipe submergiu meia dúzia de tubos no leitor do mar longe da costa e recolheu sedimentos para análise. Eles buscavam sinais padrões da agitação do tsunami, incluindo pedra-pomes (a rocha vulcânica que se solidifica a partir de larva espumosa), padrões especiais de microfósseis, materiais culturais de habitações humanas e seixos de praia que raramente aparecem em águas mais profundas.
Em artigo na Geology, publicação da Geological Society of America, a equipe relatou ter descoberto evidências de três tsunamis dois historicamente documentados, datados dos anos 115 e 551 d.C., e um da época da erupção do Thera.
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