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Dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quinta-feira, 29, apontam que a mortalidade da tuberculose foi reduzida pela metade desde 1990, mas, ainda assim, a doença faz 1,5 milhão de vítimas por ano. Em 2014, a aids matou 1,2 milhão de pessoas. “A tuberculose agora divide a liderança do ranking com o HIV como os maiores responsáveis por mortes no mundo”, indicou a OMS. No ano passado, a tuberculose matou 890 mil homens, 480 mil mulheres e 140 mil crianças. Dessas 1,5 milhão de vítimas, 400 mil haviam sido infectadas pela aids.

Por ano, 9,6 milhões de novos casos de tuberculose são registrados - 54% deles estão na China, Índia, Indonésia, Nigéria e Paquistão. O Brasil, apesar dos avanços, continua entre os 22 países considerados de “alta incidência” da doença. Em 2014, 81 mil novos casos foram detectados.

A OMS admite que novos remédios, tecnologia para o diagnóstico e uma maior atenção dos governos conseguiram salvar 43 milhões de vidas entre 2000 e 2015. Por ano, a incidência da tuberculose foi reduzida em 1,5%, para uma queda total neste período de 18%.

Mas a entidade alertou que o mundo precisa de mais investimentos no setor e focar no desenvolvimento de uma vacina. “Existem avanços. Mas, se o mundo quer colocar um fim a essa epidemia, ele precisa investir em pesquisa e aumentar os serviços”, declarou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan.

“O progresso ainda não é suficiente”, alertou o diretor do programa da OMS contra a doença, Mario Raviglione. “Ainda temos 4 mil pessoas que morrem por dia, e isso é inaceitável em uma era em que podemos curar e diagnosticar cada pessoa com aids no mundo.”

Detectar

Um dos maiores desafios, segundo a OMS, é detectar todos os casos de tuberculose. Da estimativa de 9,6 milhões de pessoas que teriam sido infectadas em 2014, apenas 6 milhões foram informadas às autoridades nacionais. Isso significa que, pelo mundo, 37% dos casos não são diagnosticados ou não foram informados ao sistema de saúde. “A qualidade do tratamento para essas pessoas é desconhecido”, alertou a OMS. Outro problema é ainda a falta de tratamento para todos os infectados.

Para a entidade, porém, não se trata de falta de produtos. O maior desafio é financeiro. “O déficit nos recursos é o maior obstáculo”, disse Winnie Mpanju-Shumbusho, especialista da OMS para doenças negligenciadas.

O buraco nas contas chega a US$ 1,4 bilhão, de um total de US$ 8 bilhões necessários para implementar uma estratégia para frear a doença. No lado da pesquisa, o déficit é de mais US$ 1,3 bilhão. Ainda assim, a partir de 2016, a OMS vai estabelecer como sua prioridade um programa para erradicar a tuberculose até 2030 e cortar as mortes em 90%.

Para Grania Brigden, da entidade Médicos Sem Fronteiras, há ainda um outro desafio a ser superado se a comunidade internacional quiser atingir a marca: a resistência da doença ao tratamento. “Esses dados devem servir como um alerta”, defendeu.

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