Conflitos na cidade de Port Said, no Egito, deixaram pelo menos 31 mortos, após um tribunal condenar à morte 21 torcedores e membros de clubes de futebol por causa de um tumulto ocorrido na cidade em fevereiro do ano passado. Os confrontos, iniciados no sábado, continuavam nas primeiras horas da manhã de domingo em Port Said e outras cidades, incluindo no Cairo.
A onda de violência é a mais recente de uma crise que deixou um total de 48 pessoas mortas em dois dias, incluindo 11 mortos em confrontos entre a polícia e manifestantes, marcando o segundo aniversário do levante que derrubou o regime do então presidente Hosni Mubarak.
O presidente do Egito, Mohammed Morsi, cancelou uma viagem à Etiópia neste sábado e, em vez disso, se reuniu pela primeira vez com altos generais que fazem parte de um Conselho Nacional de Defesa recém-formado.
No Cairo, manifestantes entraram em confronto com a polícia nas proximidades da Praça Tahrir, o símbolo do levante contra Mubarak. Eles também bloquearam a ponte 6 de Outubro, que liga as zonas leste e oeste da cidade.
Confrontos também eclodiram na cidade de Suez, onde pelo menos oito pessoas morreram na sexta-feira. Os manifestantes invadiram quatro delegacias de polícia e libertaram 25 presos, além de roubar armas. Neste domingo embarcações da Marinha estavam escoltando navios mercantes no Canal de Suez, que também era sobrevoado por helicópteros do Exército.
Enquanto isso, a oposição ameaça boicotar as eleições parlamentares que se aproximam se Morsi não encontrar uma "solução abrangente" para o tumulto. A Frente de Salvação Nacional, principal coalizão de partidos e movimentos contrários aos islamitas que estão no poder, disse que "não vai participar da votação" se não for formado um "governo de salvação nacional".
Funeral
Centenas de pessoas se reuniram neste domingo na Mesquita Mariam em Port Said, para o funeral de 35 das vítimas dos confrontos dos últimos dois dias. Tropas do Exército, apoiadas por veículos blindados, protegiam prédios estatais e tentavam restaurar a ordem. Enquanto isso, os participantes do funeral entoavam frases como: "Não há outro Deus que não Alá" e "Morsi é inimigo de Deus".
Disparos de armas de fogo assustaram os manifestantes, que correram em várias direções em busca de abrigo. Não se sabe a origem dos disparos, mas não há informações de feridos. O comércio na cidade está fechado pelo segundo dia seguido.