Os tunisianos participaram neste domingo da primeira eleição municipal desde a Primavera Árabe, em 2011, um passo crucial para a consolidação da democracia no país. A expectativa de participação da população era baixa, com apenas 13% de comparecimento até a tarde de domingo, de acordo com as autoridades eleitorais. O número contrasta com as longas filas de eleitores das eleições parlamentares e presidenciais pós-revolução.
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A apatia dos eleitores é generalizada, apesar do nível de insatisfação da população com a taxa de desemprego batendo em 15% e inflação em 7%. Isso é um grande problema, em especial, para os jovens, que lideraram o levante em 2011 mas não viram melhora em suas oportunidades desde então.
Em busca de votos em Soukra, subúrbio da capital Tunis, o presidente Beji Caid Essebsi insistiu que a Tunísia está no caminho certo. "Democracia não é imposta mas exercida e estamos no caminho para consagrá-la diariamente", disse.
O líder do influente partido islâmico moderado Ennahdha, Rached Ghannouchi, tem discurso semelhante. "Queremos enviar a mensagem ao mundo que confirme que a democracia está em vigor na Tunísia, após expulsarmos um ditador", disse.
O país norte africano tem 5,3 milhões de eleitores e uma lista de mais de 2 mil candidatos na disputa por uma posição nos conselhos municipais. Na tentativa de descentralizar a tomada de decisão e impulsionar regiões marginalizadas os conselhos ganharam mais poder.
Essas eleições representam uma quebra de paradigma em diversos níveis. Hoje, as mulheres representam 49% dos candidatos, em parte graças a aprovação de leis que nos últimos anos estimularam a igualdade de gênero. Um dos destaques no pleito é a farmacêutica Souad Abderrahim, que pode se tornar a primeira prefeita da capital, Túnis. E na cidade mediterrânea de Monastir, o Ennahdha tem como candidato o judeu Simon Slama.
Ao mesmo tempo, quase metade dos candidatos é independente e muitos são totalmente novos no meio político. "Essas eleições são um passo histórico, pois trazem a participação democrática para o nível local, onde os problemas diários são administrados e os cidadãos podem realmente se fazer ouvir", disse o chefe da missão de observadores da União Europeia, Fabio Massimo Castaldo. Fonte: Associated Press.
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