Manifestações no fim de semana mostraram oposição da população contra mudanças no governo atual, composto pela coalizão entre islâmicos e seculares| Foto: Louafi Larbi/Reuters

O partido do presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, deixou ontem o governo de coalizão com o partido Al Nahda – islamita – ao retirar os três ministros que mantinha no gabinete (Emprego, Patrimônio e Assuntos das Mulheres e da Família).

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A decisão do Partido Congresso para a República, sigla secular (não islâmica) e de centro-esquerda de Marzouki, agrava mais ainda a crise pela qual passa o governo do primeiro-ministro Hamadi Jebali, já debilitado após o assassinato do líder secular da oposição, Chokri Belaid, na quarta-feira da semana passada.

Durante muito tempo, Marzouki foi ativista dos direitos humanos. Sua ascensão à Presidência da República era vista como um sinal de progresso democrático da Tunísia depois de um longo período de ditadura que durou até 2011, quando o país foi o primeiro a dar inicio à chamada Primavera Árabe.

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Na ocasião, protestos em massa derrubaram o ditador Zine al Abidine Ben Ali depois de permanecer por mais de duas décadas no poder.

"Há uma semana estamos dizendo que deixaríamos o governo se os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça não fossem modificados", disse Samir Ben Amor, membro do Partido Congresso para a República.

Um dos ministros criticados pelo partido de Marzouki, Rafik Abdessalem, das Relações Exteriores, é genro de Rachid Ghannouchi, líder do partido Al Nahda.

Caos

"Essa decisão [a saída do governo] nada tem a ver com a decisão do primeiro-ministro de formar um governo de tecnocratas", afirmou Ben Amor, referindo-se à intenção de nomear um gabinete não partidário para tentar normalizar a situação política do país árabe.

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A morte de Belaid – o primeiro assassinato político na Túnisia em décadas – lançou o governo e o país no caos, ampliando as divisões entre o dominante partido islâmico Al Nahda e seus adversários de inclinação secular.

A situação pode provocar a queda de todo o gabinete nos próximos dias. Políticos influentes do partido Al Nahda, assim como de seus dois parceiros de coalizão não islamistas, criticaram Hamadi Jebali por propor o governo tecnocrata, dizendo não terem sido consultados.