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África

Tunísia tenta formar governo de coalizão, mas situação é frágil

Políticos tunisianos negociam neste domingo (15) a formação de um governo de unidade para ajudar a manter a ainda frágil tranquilidade na nação, dois dias depois de o presidente Zine al-Abidine Ben Ali ter sido deposto por violentos protestos.

Tanques se encontram estacionados nos arredores da capital Túnis, e soldados guardam os edifícios públicos. Contudo, após um dia marcado por tiroteios e fugas das prisões, nas quais dezenas de detentos foram mortos, os moradores disseram que começam a se sentir mais seguros.

"Na noite passada, nós cercamos nossa vizinhança com obstáculos nas ruas e tivemos equipes checando os carros. Agora, estamos no processo de retirar as barreiras e voltar à vida normal", afirmou um homem, chamado Imed, nos subúrbios de Intilaka.

Domingo não é um dia útil na Tunísia, e as ruas estão calmas, mas algumas pessoas estão transitando. Pela primeira vez em vários dias, alguns veículos comerciais, como vans e caminhonetes, foram vistos fazendo entregas.

Alguns sons ocasionais de tiros ouvidos durante a noite constituíram uma diferença marcante em relação à madrugada anterior, que contou com grandes tiroteios.

O presidente do Parlamento, Fouad Mebazza, que assumiu como presidente interino, pediu para que o primeiro-ministro, Mohamed Ghannouchi, forme um governo de unidade nacional, e autoridades constitucionais disseram que uma eleição presidencial deve ser realizada dentro de dois meses.

Ghannouchi deve realizar mais negociações sobre coalizão neste domingo, para tentar preencher o vácuo deixado quando Ben Ali, presidente por mais de 23 anos, fugiu para a Arábia Saudita após um mês de violentos protestos anti-governo e que causaram a morte de dezenas de pessoas.

Especialistas dizem que podem haver mais protestos caso a oposição não seja suficientemente representada no novo governo, e as conversas podem entrar em um impasse sobre a distribuição dos partidos nos gabinetes e quantas pessoas da velha guarda serão incluídas.

Ahmed Ibrahim, chefe do partido Ettajdid, de oposição, afirmou que ele e outros líderes da legenda vão se reunir com o premiê neste domingo para mais negociações sobre a formação de um governo de coalizão, mas não disse qual será o horário dessa conversa.

"O principal para nós agora é encerrar toda a desordem. Estamos de acordo com vários princípios sobre o novo governo. Continuaremos conversando. Minha mensagem é dizer não a Kadafi: nós não queremos voltar atrás", afirmou, em referência a um discurso do líder líbio no sábado, dizendo que os tunisianos foram muito precipitados ao derrubar Zine al-Abidine Ben Ali.

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