A polícia tunisiana fez disparos para o alto na quinta-feira na tentativa de dispersar centenas de manifestantes exigindo que os ministros ligados ao governo do presidente deposto Zine al-Abidine Ben Ali deixassem o governo.
Os manifestantes, reunidos diante da sede do partido RCD em Túnis, recusaram-se a recuar quando a polícia fez os disparos de trás de uma cerca.
Pela primeira vez desde a queda de Ben Ali na semana passada, houve protestos também em outras cidades da Tunísia.
Os manifestantes na Avenida Mohamed V, perto do centro de Túnis, cantavam: "Depois de Ben Ali e de sua mulher, queremos derrubar os ladrões deles!". Eles também queimaram o logo do partido e carregavam faixas com os dizeres: "Fora o governo!"
Um dos manifestantes, que disse se chamar Aymen, disse: "Estamos aqui, não vamos nos mexer até que o RCD caia. Viremos todos os dias o dia inteiro."
Na sede do RCD, que está no governo há décadas, trabalhadores retiravam uma grande placa na fachada do prédio com o nome do partido, disse um jornalista da Reuters.
Um oficial militar cuja unidade guardava o prédio disse à multidão: "Traduzam da forma que quiserem: o RCD está indo embora."
Os manifestantes responderam com um forte aplauso e começaram a abraçar membros das forças de segurança. Não estava claro se o oficial queria dizer que o RCD estava apenas deixando o prédio da sede ou se estava saindo do poder.
Ben Ali fugiu para a Arábia Saudita na sexta-feira após semanas de levante violento alimentado pela insatisfação com a pobreza, o desemprego e a repressão. A revolta popular causou impacto em vários governos autocráticos do mundo árabe.
O comitê central da base do poder do RCD, de Ben Ali, foi dissolvido, anunciou a televisão estatal. Ela informou que a decisão foi tomada com a saída do partido de muitos integrantes do comitê, que também eram ministros de governo, sob pressão da oposição. O partido continuará em atividade, segundo a notícia.
Os ministros do governo interino renunciaram ao partido RCD numa tentativa de restaurar a credibilidade depois da saída de quatro ministros da oposição, afirmando que os ministros do partido RCD deveriam sair.
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