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Energia

Turbinado por Itaipu, Paraguai busca vantagem em Yaciretá

O lago da usina de Yaciretá, construída por Argentina e Paraguai, e as obras complementares, que continuam a ser realizadas após mais de 20 anos: US$ 15 bilhões de dívidas | Fotos: www.eby.org.ar/Usina de Yaciretá
O lago da usina de Yaciretá, construída por Argentina e Paraguai, e as obras complementares, que continuam a ser realizadas após mais de 20 anos: US$ 15 bilhões de dívidas (Foto: Fotos: www.eby.org.ar/Usina de Yaciretá)
O lago da usina de Yaciretá, construída por Argentina e Paraguai, e as obras complementares, que continuam a ser realizadas após mais de 20 anos: US$ 15 bilhões de dívidas |

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O lago da usina de Yaciretá, construída por Argentina e Paraguai, e as obras complementares, que continuam a ser realizadas após mais de 20 anos: US$ 15 bilhões de dívidas

Onde fica |

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Onde fica

Depois que o governo do paraguaio Fernando Lugo conseguiu triplicar o valor que recebe do Bra­­sil pela compra da energia de Itaipu que não utiliza, parte agora para a revisão da dívida que tem com a Argentina referente à construção da hidrelétrica de Ya­­ciretá, em Ayolas, na fronteira en­­tre os dois países.

Pressionado pela oposição, o governo paraguaio agendou uma reunião para o dia 22 em que o chanceler Héctor La­­cognata deve contestar a dívida de US$ 15 bilhões com o tesouro argentino resultante da construção da usina, ainda inacabada. O ministro deve pedir ainda a administração paritária da usina entre os dois países e a possibilidade de vender energia a outras nações.

A vitória obtida com o Bra­­sil, que elevou de US$ 120 mi­­lhões para US$ 360 milhões o valor anual pago pela cota de energia que compra do Pa­­raguai (que eleva o orçamento anual paraguaio em 10% e que Lugo considera seu maior feito do primeiro ano de governo) deu "gás" ao pleito antigo referente a Yaciretá.

O governo anterior, de Nica­­nor Duarte Frutos, já havia iniciado uma negociação que previa a redução da dívida em quase 50% e o pagamento do restante em energia elétrica. "A questão é sa­­ber se esse governo (de oposição) ratificará o acordo anterior", diz o diretor do Instituto de Estudos Econômicos Sociais Paraná-Pa­­raguai, Wagner Weber.

Argumentos

O principal questionamento pa­­raguaio é, como no caso de Itaipu, quanto ao valor de construção da usina. A dívida de US$ 15 bilhões (que resulta em pagamentos de juros de cerca de US$ 950 milhões ao ano) é resultado de um período em que a obra foi interrompida no início dos 1980, quando as taxas de juros foram a 25% ao ano.

As obras só foram retomadas em 1990. Yaciretá gera 25% menos energia do que a capacidade nominal para a qual foi projetada.

Para chegar lá faltam, entre outras providências, aumentar o nível de água da barragem – o que o Paraguai não autorizará sem negociações – e realizar obras complementares do lado paraguaio.

Para a Argentina, chegar a um acordo é interessante porque a energia extra que poderia ser gerada seria fundamental para diminuir o déficit energético do país.

Para o Paraguai, a compensação buscada é financeira, já que a menor geração de energia também afeta o pagamento de royalties. "Neste ano Argentina deve pagar mais de US$ 140 milhões ao Paraguai, e até agora só pagou US$ 35 milhões. Eles não têm dinheiro para pagar", calcula Weber.

Pressão

O fato de o Paraguai já levar para a negociação em Yaciretá uma vitória obtida sobre Itaipu representa uma carta na manga. É a opinião do professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo, Rafael Duarte Villa.

"A negociação será menos complicada porque Itaipu serviu de alavanca para negociar algo igual ou até mais vantajoso", diz ele. "A pressão política é menor. Se não tivesse conseguido um acordo em Itaipu, o Paraguai es­­taria extremamente pressionado para conseguir um acordo viável agora", diz Weber.

Por outro lado, a crise política que o governo Kirchner enfrenta, com duros embates em várias frentes empresariais e oposição acirrada no Parlamento, pode impor um freio ao acordo. "A tensão atrapalha a negociação, e certamente a oposição tirará proveito eleitoral disso", diz Villa.

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