O ex-ministro das Finanças turco Kemal Dervis, tido como o mais forte nome de fora da União Europeia para suceder Dominique Strauss-Kahn, anunciou que não concorre à direção do Fundo Monetário Internacional (FMI).
A desistência fortalece a atual ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, na corrida para suceder o conterrâneo Strauss-Kahn. Além disso, torna mais improvável que seja atendido agora o pleito dos países em desenvolvimento para que o chefe do organismo pela primeira vez não venha da UE.
Em curta nota, Dervis descartou sua candidatura para o posto e disse que continuará trabalhando no centro de estudos Brookings Institute.
Dervis não deu detalhes do motivo de sua decisão. O jornal The New York Times noticiou que ele teve um caso com uma subordinada quando atuou no Banco Mundial. A revelação estabelece paralelo com a biografia de Strauss-Kahn, que manteve um caso extraconjugal com uma funcionária do FMI.
O turco, que trabalhou durante 24 anos no Banco Mundial e chefiou a agência de desenvolvimento da ONU, vinha ganhando força na bolsa de apostas enquanto crescia a expectativa de que países em desenvolvimento se uniriam em torno do seu nome.
Desde a criação do FMI e do Banco Mundial, nos anos 40, há acordo entre os EUA e a Europa de que o primeiro é chefiado por um europeu e o segundo, por um americano. Mas, diante da crescente importância das economias emergentes, como o Brasil, a regra tem sido contestada.
A chanceler (premiê) da Alemanha, Angela Merkel, que tem defendido um europeu no FMI, elogiou o nome de Lagarde.
A agência de notícias France Presse, que cita fontes diplomáticas europeias, diz que um sinal público a favor de Lagarde deve vir da reunião do G8, na próxima semana, na França.
"Lagarde está praticamente confirmada", afirmaram as fontes em Bruxelas. "Vamos ter um sinal já de Deauville [França]", onde estarão os chefes de Estado e governo dos oito países mais industrializados do mundo (G8) nos dias 27 e 28, acrescentaram.