Brindisi, Itália O seqüestro de um avião turco terminou ontem, na Itália, com os 113 reféns 107 passageiros e 6 tripulantes libertados ilesos. O Boeing 737-400, que ia de Tirana, capital da Albânia, para Istambul, na Turquia, sobrevoava o espaço aéreo grego quando o piloto foi forçado a desviar o vôo para a Itália.
A intenção do seqüestrador, que estava desarmado, era ir até Roma, para ser recebido pelo Papa Bento XVI, mas a tripulação o convenceu de que não havia combustível suficiente. O Boeing acabou pousando em Brindisi, no sul da Itália, escoltado por dois caças F-16 italianos.
As primeiras versões davam conta de que dois turcos tinham promovido o seqüestro para protestar contra a visita do Papa Bento XVI à Turquia, programada para o mês que vem. Depois,
foi constatado que Hakan Ekinci agia sozinho e que, na verdade, queria ajuda do Pontífice para conseguir asilo político na Itália, segundo informação confirmada pelo ministro dos Transportes da Turquia, Binali Yildirim.
Ekinci entrou na cabine do piloto no momento em que a tripulação estava ocupada, segundo relato dos passageiros, e disse que tinha um cúmplice, o que originou a confusão sobre o número de seqüestradores a bordo. Em Brindisi, o turco acabou se rendendo à polícia depois de um curto período de negociação.
Serviço militar
Segundo a tevê turca, o seqüestrado é um cristão convertido que não quer cumprir o serviço militar obrigatório alegando "objeção de consciência". Ele teria mandado uma carta ao Papa em agosto, pedindo ajuda. "Sou um cristão e não quero servir um exército muçulmano", diria o texto, segundo a tevê turca.
Ekinci também teria dito, na mensagem enviada ao Vaticano, que viveu em um campo de refugiados do Alto Comissariado para os Refugiados da ONU (Acnur) em um país que é "amigo da Turquia" e que deseja entregá-lo às autoridades turcas.
Segundo a tevê turca, Ekinci relatou que a polícia militar o esperava no aeroporto de Istambul para levá-lo imediatamente a prestar o serviço militar. Desesperado, ele decidiu seqüestrar a aeronave que partira de Tirana.
Alguns passageiros conseguiram falar por telefone com seus parentes, o que foi permitido pelo seqüestrador, como confirmou o albanês Elban Hoxa, entrevistado pela tevê turca após conseguir falar com sua mãe, que estava no avião.
O Vaticano anunciou ontem que a viagem de Bento XVI à Turquia, um país de maioria islâmica, está confirmada para o dia 28 de novembro. O Papa deve permanecer em solo turco até 1.º de dezembro.