Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Muçulmanos

Turcos deixam o país parase juntar ao Estado Islâmico

Curdos fogem de tropas turcas na fronteira com a Síria | Murad Sezer/Reuters
Curdos fogem de tropas turcas na fronteira com a Síria (Foto: Murad Sezer/Reuters)

Asiya Ummi Abdullah não compartilha a visão de que o grupo Estado Islâmico (EI) governa uma distopia terrorista e não está assustada com os bombardeios norte-americanas contra Raqqa, o centro de poder dos militantes na Síria. Para ela, trata-se do lugar ideal para criar a família. Em entrevistas, a muçulmana convertida de 24 anos explicou a decisão de se mudar, com o filho, para o território controlado pelo grupo militante, afirmando que ele oferece aos dois proteção contra sexo, drogas e álcool que ela enxerga como algo desenfreado na Turquia, país de forte tradição laica.

"As crianças daquele país veem tudo isso e se tornarão assassinos, delinquentes, homossexuais ou ladrões", escreveu Umi Abdullah em uma das várias mensagens em sua página no Facebook. Viver sob a sharia, o código legal islâmico, significa que a vida espiritual de seu filho de 3 anos está garantida, afirma ela. "Ele vai conhecer Deus e viver sob as leis Dele", disse.

A experiência de Ummi Abdullah ilustra a força do Estado Islâmico, grupo que estabeleceu um califado em um território que se estende da Síria até o Iraque. Mostra também como, mesmo na Turquia moderna, famílias inteiras estão deixando tudo para trás para encontrar a "salvação".

O Estado Islâmico, que apresenta seus domínios como um lugar familiar, na verdade deslocou centenas de milhares de "famílias inimigas" e massacrou centenas de soldados e civis que defendiam as próprias casas numa onda de assassinatos que inclui crucificações e decapitações.

Estatísticas

Ummi Abdullah, originária do Quirguistão, chegou ao território do EI apenas em agosto. O desaparecimento dela virou manchete nos jornais da Turquia depois que o ex-marido, um vendedor de carros chamado Sahin Aktan, divulgou o fato aos meios de comunicação. Mas muitas outras pessoas na Turquia foram com as famílias para o território dominado pelo EI sem tanta atenção do público. No início deste mês, mais de 50 famílias atravessaram a fronteira, segundo o deputado opositor Atilla Kart.

Os dados de Kart parecem altos, mas o relato é amparado por um morador da vila de Cumra, região central da Turquia, que disse que o filho e a nora fazem parte desse grupo de imigrantes. A movimentação dos combatentes estrangeiros que se juntam ao EI tem recebido grande cobertura dos meios de comunicação, mas a chegada de famílias inteiras, muitas provenientes da Turquia, recebeu menos atenção.

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.