Uma turista brasileira foi atacada e violentada por um grupo de homens em uma região do norte da Índia, onde estava de férias com o marido. A mulher, de origem brasileira e com cidadania espanhola, e o marido, espanhol, estavam de férias e faziam um passeio de motocicleta, afirmaram fontes diplomáticas à reportagem.
Segundo as autoridades, a mulher e o marido tinham montado uma tenda no distrito de Dumka, uma zona remota do estado de Jharkhand, para passar a noite de sexta-feira, quando um número ainda desconhecido de homens os atacou enquanto dormiam. Fontes consultadas pela EFE indicaram que a mulher está internada em um hospital da região recebendo atendimento médico.
Uma denúncia de agressão e estupro coletivo foi registrada pela polícia local. Embora a denúncia tenha sido feita ontem à noite, imediatamente após o ocorrido, como os agentes só podiam se comunicar em hindi e o casal só fala inglês e espanhol, as autoridades só souberam que se tratava de um estupro quando ambos foram levados ao hospital.
“Prendemos algumas pessoas e vamos prender os demais também. A vítima contou cerca de sete homens envolvidos no crime e prendemos três deles”, afirmou à imprensa o inspetor de polícia Pitamber Singh Kherwar. “É um incidente condenável e a polícia está tomando as medidas apropriadas. Os culpados não serão poupados”, afirmou à imprensa Mithilesh Kumar Thakur, ministro regional do estado de Jharkhand.
A embaixada espanhola na Índia já entrou em contato com as autoridades locais e enviou uma equipe para fazer consultas na região. Segundo detalhes de diversas fontes consultadas pela reportagem, o casal viajou da Espanha para fazer uma viagem ao Paquistão, Bangladesh, Índia e Nepal.
No sábado, o marido da turista brasileira forneceu mais detalhes sobre a agressão. Ele contou que sua esposa foi estuprada por sete homens enquanto eram ameaçados de morte dentro da sua tenda. “Eles nos atacaram na tenda, nos espancaram, colocaram uma faca na minha garganta dizendo que iam nos matar, e sete homens a estupraram”, disse o marido, que é espanhol, em uma gravação de vídeo feita no hospital em que eles recebem tratamento. Sua companheira, que o acompanha na gravação, com hematomas em todo o rosto, acrescentou que eles também foram assaltados pelos homens que a violentaram. “Tínhamos muito pouco, o verdadeiro motivo deles era me violentar”, declarou a brasileira no vídeo.
Parlamentares e órgãos governamentais indianos expressam revolta
Também no sábado, parlamentares, funcionários governamentais e representantes da sociedade indiana manifestaram sua indignação após tomarem conhecimento do estupro coletivo. A Comissão Nacional para as Mulheres (NCW), órgão governamental da Índia, condenou “o brutal estupro coletivo” da turista no distrito de Dumka, em Jharkhand, em um comunicado. “A NCW foi informada de que os acusados fugiram do local. Segundo relatos, havia entre oito e dez homens envolvidos”, destacou o órgão, que pediu à polícia para acelerar a investigação e invocar acusações de estupro do Código Penal indiano.
O parlamentar indiano Nishikant Dubey também falou à imprensa para expressar sua indignação e preocupação com este ataque que demonstra uma deterioração da segurança e a gravidade dos crimes contra as mulheres. “Neste estado, nem as mulheres Adivasi nem as Dalit – duas comunidades discriminadas na Índia – estão seguras. Agora tornou-se um assunto internacional depois que uma mulher espanhola vem com seu marido para a Índia e é revelado que ela foi violentada por um grupo”, lamentou.
A assembleia legislativa de Jharkhand suspendeu a sessão convocada para hoje em pelo menos duas ocasiões devido à discussão acalorada e à troca de acusações entre as forças políticas que governam a região e os opositores. Um grupo de parlamentares convocou um debate especial sobre o caso e sobre o uso de órgãos de investigação e segurança. “O incidente não apenas envergonhou Jharkhand, mas todo o país. A delegacia de polícia responsável está tentando encobrir o assunto. Os culpados estão recebendo patrocínio político. Exijo que uma comissão de inquérito seja criada e que punições rigorosas sejam impostas”, afirmou na sessão o legislador opositor Amit Mandal.
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