Cenário de guerra na cidade turca de Akcakale, após os disparos que partiram do território sírio e deixaram cinco mortos: governo de Bashar al-Assad pediu para os dois países controlarem a fronteira| Foto: Rauf Maltas/Reuters

Guerra civil

Explosões matam 48 pessoas e derrubam prédios em Aleppo

Das agências

A explosão de três carros-bomba deixou pelo menos 48 mortos ontem na cidade síria de Aleppo. Um grupo jihadista, a Frente Al Nosra, reivindicou a autoria dos atentados, segundo o Site, o centro americano de vigilância de sites islamitas na internet.

Em um comunicado publicado em portais jihadistas, a Al Nosra afirma que "alcançou quatro objetivos usados pelas forças do regime, incluindo um clube de oficiais e o hotel Al Amir". Os carros-bomba foram detonados por três militantes suicidas.

A Al Nosra reivindicou a maioria dos atentados no país e o duplo atentado de maio contra a sede do estado-maior sírio em Damasco, que deixou 55 mortos. O comunicado foi acompanhado por fotos dos prédios danificados pelas explosões e dos autores dos atentados.

Os ataques aconteceram em um distrito controlado pelo governo. Uma quarta bomba foi detonada a algumas centenas de metros da Câmara do Comércio de Aleppo, atingindo um número desconhecido de vítimas. Um funcionário do governo sírio afirmou que o número de mortos provavelmente aumentará, pois muitos dos feridos ficaram em estado grave.

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A escalada de tensão entre Turquia e Síria ganhou ontem contornos de confronto militar, com ataques da artilharia turca contra o território sírio. A ofensiva foi uma retaliação aos morteiros disparados do território sírio horas antes, que deixaram cinco civis mortos na cidade turca de Akcakale. Os ataques reacenderam os temores de que a guerra civil na Síria cause um conflito regional.

Não ficou claro se os morteiros partiram de forças do governo sírio ou de rebeldes que lutam para derrubar o presidente Bashar al-Assad, mas a resposta turca foi rápida. "Nossas forças armadas na região da fronteira responderam imediatamente a esse ataque abominável", anunciou um comunicado do gabinete do premiê Recep Tayyip Erdogan. Segundo a nota, os disparos da artilharia atingiram alvos "identificados por radar". Até o fechamento desta edição, não havia informações sobre os alvos atingidos em território sírio.

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Os morteiros atingiram um bairro residencial de Ak­­cakale, no Sudeste da Tur­­quia. Entre as vítimas estão uma mulher e seus três filhos, um deles um menino de 6 anos. Pelo menos dez pessoas ficaram feridas. Akcakale fica nas imediações do posto fronteiriço sírio de Tall al-Abyad, recente cenário de combates entre as tropas sírias e rebeldes.

Reação

Os ataques levaram a Otan (aliança militar do Ocidente), da qual a Turquia faz parte, a convocar uma reunião de emergência. O artigo 5.º do estatuto da Otan estabelece que um ataque contra um membro é considerado um ataque a todos os integrantes. A reunião, porém, foi convocada sob o artigo 4.º, mais brando, que prevê apenas consultas. Após a reunião, a Otan pediu que a Síria "ponha fim as suas violações flagrantes do direito internacional". A secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton, também condenou o ataque e se disse "indignada" com a situação.

A Síria anunciou a abertura de uma investigação. O ministro sírio da Informação, Omran Zoabi, afirmou ainda que os dois países devem controlar juntos a fronteira — a Síria acusa o governo turco de treinar e financiar grupos da oposição armada.

O secretário-geral da Or­­ga­­­­nização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, pediu à Turquia que mantenha abertos os canais de comunicação com o governo sírio. Em nota, Ban pediu ao governo sírio que respeite a integridade territorial dos seus vizinhos.

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Síria e Turquia haviam en­­saiado uma aproximação­­ antes do início da revolta contra Assad, em março de 2011. Em 26 de junho, a Otan já havia se reunido após a derrubada de um caça turco pela defesa síria, que causou a morte dos dois pilotos da aeronave.