A Turquia intensificou ontem os bombardeios a posições de combatentes curdos no norte do Iraque, o que gerou uma dura reação por parte do governo iraquiano. Enquanto os jatos F-16 da Força Aérea turca lançavam o mais pesado ataque desde o início dos bombardeiros, na semana passada, o governo do Iraque afirmou que a ação feriu a soberania do país e mostrou preocupação com a população civil.
A Turquia começou na sexta-feira a bombardear acampamentos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) no norte do Iraque, em uma ação que as autoridades disseram ser uma resposta a assassinatos de policiais e soldados atribuídos ao grupo. Na terça-feira, aviões atacaram o PKK na província turca de Sirnak, na fronteira com o Iraque. Ontem, ao menos nove membros da milícia curda morreram no Iraque.
O PKK afirmou que os ataques, lançados praticamente em paralelo com bombardeios turcos contra combatentes do grupo radical Estado Islâmico (EI) na Síria, tornaram sem sentido a negociação de paz com o governo do presidente turco, Tayyip Erdogan.
Na terça-feira, Erdogan disse que o processo de paz iniciado em 2012 com os curdos se tornou impossível e pediu ao parlamento que retire a imunidade de políticos com ligações com o PKK. O alvo é a oposição formada por parlamentares pró-curdos (leia o artigo ao lado).
Violação
As autoridades iraquianas acusaram ontem a Turquia de violar sua soberania. Segundo um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Iraque, a postura foi expressada pelo ministro Ibrahim al-Jaafari em reunião com o embaixador da Turquia em Bagdá, Farouk Qamakya.
Al-Jaafari expressou preocupação sobre as operações provocarem “medo e pânico” entre civis nas zonas fronteiriças, além das possíveis perdas humanas e materiais que os bombardeios podem causar. Ele insistiu que o governo turco deve coordenar as operações militares com as autoridades iraquianas.
A Turquia vinha evitando entrar na guerra contra o EI, que domina áreas na Síria e no Iraque. Na semana passada, após um atentado que deixou 32 mortos, o pais cedeu suas bases aéreas para a coalizão liderada pelos EUA. As forças turcas passaram então a atacar posições do EI e de milícias curdas. O PKK, que enfrenta o EI e as forças leais ao presidente sírio, Bashar al-Assad, quer a criação de um Estado que pode abranger parte do território turco.