A Turquia convocou seu embaixador em Paris e acusou a França de ter cometido "um genocídio" na Argélia, em meio a uma crise diplomática provocada pelo voto no Parlamento francês de uma lei que pune a negação do genocídio armênio.

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O embaixador Tahsin Burcuoglu "regressou (à Turquia) para consultas. Partiu com sua família em um voo das 07H40 (04H40 de Brasília)", declarou um porta-voz da legação diplomática turca em Paris.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, ordenou a suspensão das visitas bilaterais e a anulação de exercícios militares conjuntos com a França, após a aprovação no Parlamento francês da lei que pune a negação do genocídio armênio.

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Nesta sexta-feira Erdogan retomou suas críticas, acusando a França de ter cometido "um genocídio" na Argélia durante a época colonial.

"A França massacrou cerca de 15% da população argelina a partir de 1945. Isto é um genocídio", declarou Erdogan em uma coletiva de imprensa em Istambul.

Erdogan também acusou o presidente francês, Nicolas Sarkozy, de atiçar a islamofobia e a turcofobia com fins eleitorais, meses antes da eleição presidencial francesa prevista em abril e maio de 2012.

"O presidente francês, Nicolas Sarkozy, começou a buscar benefícios eleitorais utilizando o ódio ao muçulmano e ao turco", declarou Erdogan.

A Turquia também pôs fim às consultas políticas com a França, em particular em assuntos sensíveis, como a situação na Síria, onde Ancara desempenha um papel muito importante.

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No entanto, o primeiro-ministro turco não anunciou sanções comerciais contra a França, um importante parceiro econômico.

O volume dos intercâmbios comerciais bilaterais somou cerca de 12 bilhões de euros em 2010.

O ministro francês das Relações Exteriores, Alain Juppé, "lamentou" na quinta-feira as decisões da Turquia e convocou o governo turco a evitar "reagir exageradamente".

Os deputados franceses votaram na quinta-feira uma lei que pune com um ano de prisão e 45 mil euros de multa a negação de um genocídio reconhecido pela legislação francesa, entre os quais figuram o dos judeus na Segunda Guerra Mundial e o dos armênios entre 1915 e 1917.

Em 2001, a França aprovou uma lei que reconhece o genocídio armênio, no qual, segundo os armênios, 1,5 milhão de pessoas morreram.

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A Turquia reconhece que cerca de 500 mil armênios morreram em combates e durante sua deportação, mas não por uma vontade de exterminá-los.

O projeto de lei deve ser examinado pelo Senado francês, o que pode levar vários meses.

A Armênia afirmou que o voto dos deputados franceses voltou a provar que não há "prescrição para os crimes contra a humanidade e que sua negação deveria ser punida".

Já a Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE) criticou o projeto de lei, por considerar que se propõe a criminalizar os debates históricos e impede a liberdade de expressão.

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