O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse nesta quarta-feira (25) que a Turquia não identificou a aeronave derrubada na terça-feira como um jato russo e que seu país não iria partir para uma escalada nas tensões. Ao mesmo tempo, Erdogan advertiu para que não se viole mais a fronteira turca com a Síria.
Erdogan disse que dois jatos de nacionalidade não identificada violaram o espaço aéreo turco na manhã de terça-feira. Um deles deixou o território turco e o outro continuou a violar a área, mesmo após dez advertências lançadas em um intervalo de cinco minutos. As autoridades turcas só souberam que era um avião russo após as declarações da Rússia, segundo a autoridade.
“Nós temos mostrado um grande esforço há tempos para evitar esse tipo de acidente, falando com todos os países relevantes”, disse o presidente. “A razão para que um incidente como esse não tenha ocorrido até ontem [terça] é porque a Turquia levou ao máximo sua paciência para manter uma postura calma.”
Erdogan acrescentou que a Turquia não tolerará ataques à soberania, mas que Ancara não tinha a intenção de dar combustível para as tensões. “Ninguém deve esperar que sigamos silenciosos e sem respostas a constantes violações de nossa segurança fronteiriça”, argumentou.
Apesar disso, o presidente amenizou a tensão. “Não temos intenções de agravar este incidente. Estamos somente defendendo nossa própria segurança e os direitos dos nossos irmãos”, disse. Turquia e Síria são importantes parceiros comerciais, o que certamente terá influência na condução desta questão.
Lados opostos
O presidente também criticou países pelo apoio ao presidente sírio, Bashar al-Assad, sem nomear os principais partidários do regime sírio: a Rússia e o Irã. Erdogan disse que, seja quem for, os que apoiam o regime de terrorismo estatal de Damasco são culpados da mesma opressão.
Rússia e Turquia têm posições diferentes sobre o conflito na Síria. Embora ambos se declarem inimigos do grupo terrorista Estado Islâmico, turcos querem a derrubada do líder sírio Bashar al-Assad, enquanto russos defendem a sua permanência e, por isso, atacam também rebeldes oposicionistas.
Estas operações militares no noroeste da Síria, não têm nada a ver com a luta com o Estado Islâmico, disse Erdogan. Para ele, a campanha aérea russa na Síria está gerando um novo influxo de refugiados.
Resposta russa
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que o avião foi atacado quando estava a um quilômetro dentro da Síria e alertado sobre “consequências sérias”, as quais chamou de uma facada nas costas administrada por “cúmplices de terroristas”.
Nesta quarta-feira (25), ele reiterou sua posição. “Após o que aconteceu ontem [terça-feira], nós não podemos excluir algum tipo de outros incidentes. E se eles ocorrerem, nós, de uma maneira ou de outra, teremos de responder”, afirmou Putin.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse que a Rússia reforçará suas defesas aéreas na região da base russa na Síria e que um novo míssil cruzador foi posicionado na costa da Síria, pronto para destruir qualquer ameaça para a campanha de ataques aéreos de Moscou na Síria. O ministro disse também que a base russa Hmeimim receberá um sistema de defesa aérea S-400, um dos mais poderosos da Rússia.