O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, prometeu ajudar a "suprir a maioria das necessidades" da Venezuela. Em sua visita a Caracas nesta segunda-feira (3), ele disse ao ditador Nicolás Maduro que quer fortalecer a aliança entre os dois países.
“Queremos fortalecer o processo que iniciamos em Istambul, em investimentos, em energia, mineração, turismo, agricultura, transportes, saúde, educação, segurança. Temos muito potencial para colaborar em todos esses campos de negócios”, disse Erdogan.
Erdogan também condenou as sanções impostas pelos EUA à Venezuela. "Restrições comerciais e sanções unilaterais são um erro. Não se pode castigar um povo inteiro para resolver desacordos políticos", disse Erdogan durante encontro com empresários locais, sem citar o presidente dos EUA, Donald Trump. Os comentários acrescentam ainda mais tensão à relação complicada entre Washington e Ancara, aliados na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), mas que ocupam lados opostos em diversas questões geopolíticas, como na guerra civil da Síria.
A Turquia é a mais recente tábua de salvação bolivariana contra a crise que dizima a economia da Venezuela, depois que recursos chineses, russos e até uma criptomoeda não foram suficientes para conter a hiperinflação, a escassez de alimentos e o êxodo de 3 milhões de pessoas.
Dados do Instituto de Estatísticas da Turquia mostram que a importação de produtos venezuelanos disparou 1.357%, nos seis primeiros meses de 2018, quando os turcos compraram US$ 879,6 milhões dos venezuelanos – 93% desse valor equivale à importação de ouro, tornando a Turquia o maior importador de ouro da Venezuela.
"Sabemos que o governo [da Venezuela] tem apostado muito no ouro para se capitalizar, mas é uma estratégia arriscada, porque obviamente a renda do ouro é muito menor que a do petróleo", disse ao jornal O Estado de S. Paulo Geoff Ramsey, diretor do Washington Office para a América Latina (Wola).
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Nos primeiros nove meses do ano, os turcos venderam US$ 80 milhões em produtos para os venezuelanos, em especial farinha de trigo, macarrão, óleo de cozinha e produtos de higiene pessoal. Em 2017, as exportações ficaram em US$ 37 milhões. O problema é que, desde setembro de 2017, os EUA impedem bancos que operam em território americano de fazer novos empréstimos à Venezuela. Com o acesso ao sistema financeiro fechado, a PDVSA não consegue embarcar o petróleo vendido, uma vez que os contratos e seguros são fechados em dólar com pagamentos que passam pelos EUA.
Desde que Maduro assumiu o poder, em 2013, a produção diária de petróleo caiu 50% e o preço do barril se reduziu em 42,8%. Como o petróleo respondia por 95% das exportações, o resultado foi uma queda brusca na entrada de recursos. Somam-se a isso as políticas do regime que, desde a época de Hugo Chávez, vem condenando a Venezuela ao fracasso econômico, resultando em hiperinflação e uma recessão que chega ao quinto ano consecutivo.
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A aliança entre Venezuela e Turquia chamou a atenção dos EUA. Em 1º de novembro, os Estados Unidos impuseram novas sanções ao setor de ouro da Venezuela, ostensivamente visando a corrupção. Cidadãos americanos EUA estão proibidos de se comercializar com entidades e pessoas envolvidas em transações corruptas ou fraudulentas do ouro venezuelano. Segundo o governo americano, muitas das minas do país têm laços estreitos com gangues criminosas, que operam com pouca sem preocupação com o meio ambiente.
Segundo a consultoria Ecoanalítica, a renda obtida com o ouro responde por 10% das exportações da Venezuela. O petróleo, diante do recuo da produção, caiu para 80%.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.