Moradores da província turca de Sirnak se reúnem diante de um veículo com os corpos das pessoas mortas em ataque aéreo na fronteira com o Iraque| Foto: AFP

Preconceito

Etnia diz ser alvo de discriminação

Ancara - "Nós voltávamos para casa quando os caças começaram a nos bombardear", disse um sobrevivente do grupo, Servet Encu, à agência curda de notícias Firat. "Cinco ou seis se esconderam debaixo das rochas mas também foram atingidos pelas bombas".

Os sobreviventes correram para o vilarejo de Ortasu, onde foram socorridos por parentes, que usaram jumentos para carregar os corpos.

Os curdos, que formam 20% dos 74 milhões de habitantes da Turquia, vivem em sua maioria no sudeste do país. Eles se sentem marginalizados e reclamam contra a discriminação do governo. O PKK tomou armas contra o governo em 1984 e desde então conduz uma rebelião que já deixou mais de 30 mil mortos. (AE)

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Ancara - O porta-voz do partido governista da Turquia, Huseyin Celik, confirmou ontem que as 35 pessoas mortas em ataques aéreos turcos no norte do Iraque eram civis, que atuavam como "contrabandistas" e que foram confundidos com rebeldes curdos.

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Aparentemente, os civis mortos eram cidadãos turcos da etnia curda. Pelo menos 19 deles, de uma mesma família, viviam em duas cidades no sudeste da Turquia, de maioria curda, disse o prefeito do município de Uludere, Fehmi Yaman.

A morte dos civis provocou manifestações em Istambul e nas cidades de maioria curda no sudeste turco. Em Istambul, a polícia usou canhões de água para dispersar os manifestantes.

A agência de notícias Dogan informou que a polícia também dispersou manifestantes com gás lacrimogêneo perto da praça Taksim, um lugar onde ficam hotéis e shopping centers em Istambul.

"Eles contrabandeavam diesel do Iraque, como faziam há anos. Os aldeões de Ortasu e Gulyazi me informaram sobre isso na madrugada, quando chegamos aos corpos. Alguns estavam aos pedaços, outros chamuscados por causa das bombas", disse o prefeito Yaman. Todos os mortos eram homens e tinham menos de 30 anos.

Celik afirmou que as vítimas "não eram terroristas", mas pessoas que contrabandeavam cigarros do Iraque para a Turquia. Segundo ele, autoridades investigam possíveis falhas de inteligência que levaram à realização dos ataques na noite de quarta-feira.

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O porta-voz lamentou as mortes e sugeriu que o governo deveria indenizar as vítimas. Ante­­rior­­mente, os militares haviam declarado que os jatos tinham atacado uma área do norte do Iraque usada pelos rebeldes para entrar na Turquia, depois que aviões teleguiados detectaram um grupo se aproximando da fronteira.

Um comunicado das Forças Armadas da Turquia informou que o ataque ocorreu contra um grupo de pessoas no final da noite de quarta-feira, no lado iraquiano da fronteira.

O comunicado disse que os militares receberam informações da inteligência alertando que terroristas formavam grupos para lançar ataques contra postos militares turcos na fronteira. O comunicado não chamou os mortos de "terroristas" e disse que o incidente está sob investigação.

Os militares disseram que drones turcos detectaram a aproximação de um grupo vindo do Curdistão iraquiano, aparentemente se dirigindo a um passo que é usado tanto por contrabandistas quanto por guerrilheiros do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo) que usam o local para atacar a Turquia.

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