O primeiro-ministro turco pedirá ao Parlamento do país para autorizar uma incursão militar no norte do Iraque a fim de combater rebeldes curdos que deixaram a Turquia para se refugiar no país vizinho. A decisão pode deteriorar o clima já tenso entre o governo turco e os Estados Unidos, onde a Câmara dos Deputados aprovou na véspera uma resolução que classifica como genocídio os massacres de armênios em 1915 por turco-otomanos - acusação rejeitada pelos turcos.
Temendo que uma operação militar turca possa desestabilizar a área mais pacífica do Iraque e possivelmente outras partes da região, os EUA fizeram um à Turquia alerta na quarta-feira contra qualquer incursão. Mas a pressão para que o governo do premier turco Tayyip Erdogan tome medidas mais duras contra os rebeldes curdos ficou ainda maior depois da decisão de Washington sobre o genocídio de armênios.
Nesta quinta-feira, o alto comissário de Política Externa da União Européia, Javier Solana, também alertou a Turquia contra a possibilidade de uma incursão militar no norte do Iraque contra rebeldes curdos.
- Qualquer possibilidade de complicar ainda mais a situação da segurança no Iraque não deve ser bem-vinda e, por isso, essa é a mensagem que nós passamos para nossos colegas turcos - disse Solana quando questionado sobre uma possível incursão.
Turcos protestam contra os Estados Unidos
O governo turco reagiu à resolução americana sobre o genocídio de armênios afirmando que medida é "inaceitável" e que suas relações com os EUA serão afetadas. Cidadãos turcos fizeram protestos contra os EUA em Islamad e Ancara. A Turquia é o principal ponto de entrada e saída de suprimentos e soldados para o Iraque e tem a segunda maior força militar da Otan.
O governo de Erdogan buscará a aprovação para a ação no Iraque depois de um feriado público que termina no domingo. Analistas dizem, no entanto, que uma grande operação turca na área da fronteira ainda é improvável. Questionado na quarta-feira sobre as preparações para uma ação militar no Iraque, o premier turco respondeu com ênfase:
- Começaram e continuam - disse a repórteres ao chegar ao Parlamento do país.
A Turquia acusa os curdos (população não-árabe) do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) de terrorismo e diz que vão ao Iraque em busca de explosivos para atacar no lado turco da fronteira. Os curdos, por sua vez, reivindicam parte do terrritório da região, que inclui a Turquia.
Na quarta-feira, os EUA já haviam pedido para que os aliados turcos evitassem uma ação militar no Iraque.
- Pensamos que não é bom a entrada de tropas turcas no Iraque neste momento. Podemos tratar desta situação de outro modo se for necessário - disse a porta-voz da Casa Branca Dana Perino.