A Turquia bombardeou nesta sexta-feira (24) alvos do Estado Islâmico (EI) na Síria. Estes são os primeiros ataques aéreos do país contra a milícia radical, que nesta semana reivindicou duas ações em território turco.
Os bombardeios marcam uma mudança na reação contra os extremistas. A Turquia se recusava a atacar a milícia devido ao risco de ataques dentro do país e para não fortalecer os adversários curdos, que também enfrentam o EI.
Segundo o governo turco, caças F-16 partiram da base de Diyarbakir, no sudeste do país, e dispararam bombas contra dois centros de comando e um ponto de encontro dos extremistas do lado sírio da fronteira.
O jornal “Hürriyet” afirma que esta operação é uma retaliação contra o ataque feito por extremistas que matou um soldado e deixou outros dois feridos em um posto de fronteira na quinta-feira (23).
Os ataques aéreos acontecem também um dia depois que o país aderiu à coalizão dos EUA contra o EI. A primeira iniciativa foi liberar a base de Incirlik, no sul do país, para ser usada como ponto de apoio para os americanos.
Em entrevista nesta sexta, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, confirmou a entrada do país na coalizão e disse que os bombardeios são o “primeiro passo” na ofensiva contra o Estado Islâmico.
Ele disse ainda que as autoridades continuarão a perseguir os extremistas islâmicos, assim como militantes curdos e de extrema-esquerda. Os dois últimos grupos são adversários da milícia radical e do governo turco.
Prisões
As declarações de Erdogan são feitas no dia em que a polícia turca prendeu 251 pessoas suspeitas de associação ao terrorismo. Dentre elas, estão supostos militantes do EI, de grupos curdos e de extrema esquerda.
Em uma das operações, em Istambul, policiais mataram uma militante da Frente Revolucionária de Libertação do Povo, grupo marxista autor de diversos atentados em território turco.
A operação contra o terrorismo acontece quatro dias depois que 32 pessoas morreram e centenas ficarem feridas em um atentado contra ativistas curdos em Suruç, perto da fronteira com a Síria.
A explosão atingiu um evento destinado a arrecadar fundos para a reconstrução de Kobani, cidade síria de maioria curda que é assediada desde setembro pelo EI. A milícia radical reivindicou o atentado.
Na terça (21), o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, principal grupo ligado à minoria étnica, matou dois policiais turcos acusados pelos curdos de facilitar a entrada dos extremistas islâmicos que fizeram o atentado.