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Avião da força aérea turca pousa em um campo ao sul do país | MURAD SEZER/REUTERS
Avião da força aérea turca pousa em um campo ao sul do país| Foto: MURAD SEZER/REUTERS

A Turquia bombardeou nesta sexta-feira (24) alvos do Estado Islâmico (EI) na Síria. Estes são os primeiros ataques aéreos do país contra a milícia radical, que nesta semana reivindicou duas ações em território turco.

Os bombardeios marcam uma mudança na reação contra os extremistas. A Turquia se recusava a atacar a milícia devido ao risco de ataques dentro do país e para não fortalecer os adversários curdos, que também enfrentam o EI.

Segundo o governo turco, caças F-16 partiram da base de Diyarbakir, no sudeste do país, e dispararam bombas contra dois centros de comando e um ponto de encontro dos extremistas do lado sírio da fronteira.

Curdos Vs. Estado Islâmico

Os curdos são uma etnia que luta por território -- semelhante aos palestinos.

O “Curdistão”, área que a etnia reivindica, se estenderia por terras na Turquia -- o que faz com que turcos e curdos vivam sob uma constante tensão.

Sem território, eles estão espalhados por áreas na Turquia, Síria e Iraque.

Nestes dois últimos países, as regiões são de interesse do Estado Islâmico -- o que fez curdos formarem exércitos, com apoio da coalizão norte-americana, para combater o grupo de árabes sunitas extremistas.

O jornal “Hürriyet” afirma que esta operação é uma retaliação contra o ataque feito por extremistas que matou um soldado e deixou outros dois feridos em um posto de fronteira na quinta-feira (23).

Os ataques aéreos acontecem também um dia depois que o país aderiu à coalizão dos EUA contra o EI. A primeira iniciativa foi liberar a base de Incirlik, no sul do país, para ser usada como ponto de apoio para os americanos.

Em entrevista nesta sexta, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, confirmou a entrada do país na coalizão e disse que os bombardeios são o “primeiro passo” na ofensiva contra o Estado Islâmico.

Ele disse ainda que as autoridades continuarão a perseguir os extremistas islâmicos, assim como militantes curdos e de extrema-esquerda. Os dois últimos grupos são adversários da milícia radical e do governo turco.

Estado Islâmico

Quem são: grupo terrorista que atualmente ocupa territórios na Síria e no Iraque; formado por dissidentes da Al-Qaeda.

o que querem: são extremistas religiosos que pregam uma interpretação moral radical do islamismo. Além disso, não acreditam nas fronteiras estabelecidas em um território que consideram sagrado. Por isso, chamam a área ocupada na Síria e no Iraque de “califado” -- palavra também faz referência aos princípios que querem que seus seguidores respeitem.

Inimigos: são prioritariamente os árabes xiitas, uma corrente islâmica diferente da que seguem -- os membros do grupo são árabes sunitas. Também consideram o mundo ocidental “infiel”, embora tenha atraído muitos integrantes de vários países da Europa e Américas -- porém, eles precisam se converter ao islamismo.

Prisões

As declarações de Erdogan são feitas no dia em que a polícia turca prendeu 251 pessoas suspeitas de associação ao terrorismo. Dentre elas, estão supostos militantes do EI, de grupos curdos e de extrema esquerda.

Em uma das operações, em Istambul, policiais mataram uma militante da Frente Revolucionária de Libertação do Povo, grupo marxista autor de diversos atentados em território turco.

A operação contra o terrorismo acontece quatro dias depois que 32 pessoas morreram e centenas ficarem feridas em um atentado contra ativistas curdos em Suruç, perto da fronteira com a Síria.

A explosão atingiu um evento destinado a arrecadar fundos para a reconstrução de Kobani, cidade síria de maioria curda que é assediada desde setembro pelo EI. A milícia radical reivindicou o atentado.

Na terça (21), o Partido dos Trabalhadores do Curdistão, principal grupo ligado à minoria étnica, matou dois policiais turcos acusados pelos curdos de facilitar a entrada dos extremistas islâmicos que fizeram o atentado.

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