Irritado com a morte de 15 soldados nos recentes ataques curdos, o governo turco ameaçou nesta terça-feira (9) entrar no Iraque, "se for necessário", para neutralizar os campos da guerrilha do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).
"Se forem dadas as ordens e instruções necessárias às instituições envolvidas para que sejam tomadas todas as medidas jurídicas, econômicas e políticas - entre elas, se necessário, uma operação transfronteiriça - contra a presença da organização terrorista em um país vizinho", informou o governo em um comunicado, referindo-se ao PKK e ao Iraque.
O documento foi publicado após uma reunião do Conselho Superior de Luta contra o Terrorismo, dirigido pelo primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.
O conselho foi convocado depois que os rebeldes do PKK mataram 15 soldados turcos nos últimos dias no sudeste da Turquia, cenário de combates regulares com o PKK desde 1984.
Para enviar tropas a outro país é necessária uma autorização particular do Parlamento, segundo o ministro da Defesa, Vecdi Gonul.
Pressão
A oposição e a imprensa nacionalista exigem que o governo de Erdogan endureça sua atitude contra o PKK, após a morte de 13 soldados no último sábado em uma emboscada perto da fronteira iraquiana e de outros dois na segunda-feira, o pior número de baixas desde 1995.
Washington e Bagdá, no entanto, tentaram dissuadir Ankara de recorrer a uma intervenção militar unilateral.
"Não estou certo de que as incursões unilaterais sejam a solução para resolver este problema", declarou aos jornalistas o porta-voz do Departamento de Estado americano, Sean McCormack.
"O acordo de segurança assinado entre Turquia e Iraque é o parâmetro dentro do qual a segurança dos dois países pode ser preservada", disse por sua vez o porta-voz do governo iraquiano, Ali al Dabbagh, lembrando o acordo firmado no mês passado e que não permite que tropas turcas persigam os rebeldes do PKK em território iraquiano.
O PKK, considerado uma organização terrorista pela Turquia, além dos Estados Unidos e da União Européia, iniciou em 1984 uma luta armada independentista que já deixou mais de 37.000 mortos.
Desde o início do ano, a organização aumentou o número de ataques, o que tem irritado as autoridades turcas.
No final de setembro, 12 pessoas, a maior parte civis, morreram quando um grupo do PKK metralhou o microônibus onde viajavam no sudeste de Anatolia, povoado majoritariamente curdo.
Nos anos 90, os turcos entraram várias vezes no norte do Iraque com milhares de homens. Mas desde a invasão americana, em 2003, o exército turco se limitou a protagonizar incursões mais curtas.
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