A Turquia, principal parceira comercial da Síria, suspendeu nesta quarta-feira todas as transações de crédito com o país vizinho e congelou os bens do governo sírio, juntando-se à Liga Árabe nos esforços para isolar o presidente Bashar al Assad em consequência da repressão militar a manifestantes.
Em outro golpe para Assad, o governo de Dubai, polo regional de transportes, disse que companhias aéreas com sede nos Emirados Árabes Unidos irão suspender seus voos para a Síria.
A Síria sepultou nesta quarta 14 soldados e policiais mortos em combate com militares desertores, num reflexo das dificuldades que o governo enfrenta para sufocar uma rebelião iniciada há oito meses.
A revolta é parte da chamada Primavera Árabe - onda de protestos que varre o norte da África e o Oriente Médio desde o começo do ano, e que já derrubou os governos da Tunísia, Egito e Líbia.
Ao anunciar as novas sanções à Síria, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, disse a jornalistas que Ancara irá bloquear o fornecimento de armas e demais suprimentos militares à Síria. As relações com o Banco Central sírio foram suspensas, e um acordo de cooperação será revogado até que Damasco tenha "um governo legítimo, que esteja em paz com o seu povo".
A Turquia - um país muçulmano como a Síria, mas que não é árabe - teve no ano passado um comércio bilateral de 2,5 bilhões de dólares com seu vizinho do sul. O primeiro-ministro Tayyip Erdogan já foi um dos principais aliados regionais de Assad, mas ultimamente perdeu a paciência com ele, e a Turquia agora dá abrigo a militares sírios desertores e a uma frente oposicionista.
Ancara promete que as sanções não afetarão o povo sírio, e descartou interromper o abastecimento de água ou energia elétrica. Disse também que a Turkish Airlines continuará operando voos para Damasco.
Membro da Otan, a Turquia disse na terça-feira que é contra uma intervenção militar estrangeira na Síria, mas que não descarta a implantação de uma zona tampão para conter uma fuga maciça de refugiados.
De acordo com a ONU, mais de 3.500 pessoas já foram mortas na repressão aos protestos na Síria. O governo de Assad diz estar enfrentando uma rebelião patrocinada por potências estrangeiras, que já levou à morte de mais de 1.100 soldados e policiais.
A agência estatal de notícias Sana disse que 14 membros das forças de segurança foram homenageados postumamente com "flores e coroas". "Os mártires foram alvo de grupos terroristas armados quando estavam na linha do dever em Homs e na zona rural de Damasco", disse a agência, sem explicar quando isso ocorreu.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU realiza na sexta-feira uma sessão especial para discutir a situação da Síria, com base em um relatório divulgado nesta semana em que observadores internacionais acusam a cúpula do regime sírio de ordenar homicídios, torturas e estupros.
Um dos objetivos da sessão especial será pressionar a China e a Rússia a aceitarem medidas firmes do Conselho de Segurança contra Damasco. Moscou, porém, até agora não dá sinais de que irá abandonar Assad.
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