Família síria desembarca na Turquia, perto do vilarejo de Hacipasa, depois de cruzar o Rio Orontes em um tanque de água| Foto: Osman Orsal/Reuters

Não

Regime sírio recusa proposta da ONU de cessar-fogo unilateral

O regime sírio recusou ontem o pedido do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, de fazer um cessar fogo unilateral para acabar com os confrontos violentos com a oposição.

Em resposta, o governo do ditador Bashar Assad pediu que os rebeldes terminem os combates antes das tropas governamentais para que cheguem à paz no país.

O porta-voz da Chancelaria síria, Jihad Maqdesi, argumentou que nas tréguas anteriores os insurgentes aproveitaram para ampliar seu efetivo armado em algumas regiões.

Por isso, pediu que o chefe da ONU envie emissários aos países que têm influência sobre os rebeldes para que os convençam a diminuir o financiamento e incentivem o fim das ações violentas.

Dentre os países citados, estão a Turquia, que enfrenta uma crise com a Síria na região de fronteira, e Arábia Saudita e Qatar, que financiam abertamente os rebeldes.

"Esses países devem mostrar seu compromisso com o fim dessas ações, já que têm influência sobre os grupos armados, para que estes terminem com os combates", disse Maqdesi.

Ban Ki-moon fez a proposta na segunda-feira durante reunião com o presidente da França, François Hollande, que se mostrou preocupado com a possibilidade de expansão da crise a países vizinhos, o que pode ameaçar a estabilidade no Líbano e na Jordânia.

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Um tanque de guerra destruído em Hanano, na região de Aleppo, no norte da Síria
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O general Necdet Özel, chefe do Exército turco, prometeu ontem reagir com mais força caso a Síria continue alvejando seu território, num dia em que mais morteiros caíram na região fronteiriça de Azmarin.

"Respondemos, mas, se con­­tinuar, vamos responder­­ com maior força", disse Ötzel, em entrevista à tevê estatal TRT. Ele visitava a cidade de Akçakale, que foi bombardeada na última quinta-feira por morteiros sírios.

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As Forças Armadas turcas reforçaram sua presença nos 900 quilômetros de fronteira com a Síria, e estão respondendo à altura na última semana aos disparos vindos do norte da Síria, onde as forças do presidente Bashar Assad combatem rebeldes que controlam parte do país.

Muitos civis sírios, incluindo mulheres com crianças de colo, fugiram da Síria cruzando o riacho que separa o país da Turquia na região de Azmarin. Moradores da aldeia turca de Hacipasa ajudaram a retirar os refugiados em barquinhos metálicos.

Os disparos se intensificaram na noite de terça-feira e deixaram mortos e feridos, de acordo com moradores da região. Eles afirmaram que um acampamento foi montado fora da cidade e que muitos estão tentando cruzar a fronteira. Não ficou claro se os disparos que atingiram o território turco tinham alvo definido, ou se foram um dano colateral de ataques das tropas sírias contra posições rebeldes perto da fronteira com a Turquia.

Em ambas as regiões fronteiriças, há postos médicos improvisados e ambulâncias que levam os feridos em estado mais grave para hospitais próximos. Calcula-se que há cerca de 100 mil refugiados sírios em território turco.

Otan

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O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmus­­sen, disse na terça-feira que a aliança militar, com 28 países, tem planos para a defesa da Turquia, um dos seus membros.

Avião civil é obrigado a pousar

Aeronaves militares turcas forçaram ontem a aterrissagem de um avião civil sírio às 14h15 locais (11h15 de Brasília), em Ancara. Pouco antes, autoridades da aviação turca proibiram seus aviões de entrarem no espaço aéreo sírio. O avião civil sírio (um Air­­bus A-320) ia de Moscou para Damasco, quando quatro caças F-16 das Forças Ar­­madas da Turquia obrigaram que descesse ao solo. Logo em se­­guida, o avião foi cercado por policiais.

O avião pertence às Linhas Aéreas Sírias e transportava 35 passageiros. O ministro das Relações Exteriores turco, Ahmet Davutoglu, diz que ele continha "carga não civil". A imprensa local especula que a aeronave estava transportando armas.

Davutoglu disse que a Tur­­quia apenas exerceu seu di­­reito de investigar aviões sus­­peitos de carregar conteú­­do militar, de acordo com as leis internacionais.

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