Milhares de manifestantes saíram às ruas em várias cidades turcas, sobretudo em Ancara, após a morte nesta terça-feira do jovem Berkin Elvan, que estava em coma desde junho de 2013 quando ficou ferido na cabeça após ser atingido durante os protestos que ocorreram na Turquia.
Os protestos desta terça-feira terminaram com diversas detenções e vários feridos, segundo informou a emissora turca "Halk TV".
Os parentes do jovem afirmam que ele nunca participou de uma manifestação, mas tinha saído para comprar pão quando foi atingido na cabeça por uma bomba de gás lacrimogêneo disparada pela polícia.
A polícia dispersou no começo da manhã com gases lacrimogêneo um grupo de amigos e parentes de Elvan reunidos perante o hospital de Istambul onde o jovem faleceu.
Pouco depois, começaram a ser registrados protestos em várias cidades turcas.
Cartazes com o lema "Sou Berkin" proliferaram na praça Kizilay de Ancara, onde vários transeuntes se sentaram no solo com um pedaço de pão nas mãos.
Faziam assim alusão ao fato do jovem morto ter saído para comprar pão quando foi atingido.
Vários estudantes de diversas universidades de Ancara, Istambul, Esmirna e outras cidades declararam hoje um boicote educativo e se manifestaram nas salas de aula e corredores com as palavras "Todos somos Berkin".
A situação mais crítica foi vivida durante a noite na capital turca, onde milhares de pessoas enfrentaram a polícia na cêntrica praça de Kizilay. Os agentes usaram gás lacrimogêneo, canhões de água a pressão e balas de borracha para dispersar os manifestantes, segundo pôde presenciar a Agência Efe.
Os manifestantes elevaram as barricadas nas ruas laterais e lançaram paralelepípedos e petardos contra os agentes, envolvidos em densas nuvens de gás lacrimogêneo, no que parecia uma repetição dos violentos protestos do começo do ano.
Houve vários feridos e a polícia deteve diversas pessoas enquanto os manifestantes gritavam palavras de ordem como "governo renuncia", "Polícia assassina de Berkin" e "Berkin dormiu, Turquia desperta!".
Cenas similares foram vistas ao longo do dia em dezenas de cidades turcas, onde ocorreram fechamentos de estradas e atos de protesto perante os escritórios do partido governamental, o islamita Justiça e Desenvolvimento (AKP).
Em vários distritos de Istambul, também ocorreram enfrentamentos entre manifestantes e a polícia, que impediu que chegassem à simbólica praça de Taksim, epicentro dos protestos de 2013.
Em outros bairros, grupos menores colocaram nas ruas cartazes com a foto do jovem morto, velas e uma barra de pão.
Está previsto que o funeral do adolescente, que deve ocorre amanhã em Istambul, reúna milhares de pessoas e a imprensa local considera como provável que também derive em choques com a polícia.
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