A divulgação de material diplomático envolvendo supostas negociatas entre palestinos e israelenses fez o grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, iniciar na segunda-feira uma ampla ofensiva retórica, denunciando a "conspiração do Fatah". A facção do presidente Mahmoud Abbas teria "cooperado secretamente com Israel" nos assuntos "mais essenciais, como Jerusalém e a questão dos refugiados".

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A TV Al-Jazira, do Catar, e o jornal The Guardian começaram no domingo a divulgar uma série de reportagens sobre supostos bastidores de negociações entre israelenses e palestinos. As mensagens teriam por base 1.700 telegramas diplomáticos secretos referentes ao diálogo de paz entre 1999 e 2010, e detalhariam como negociadores palestinos submeteram-se a exigências israelenses amplamente condenadas nas ruas de Ramallah e Gaza.

Funcionários da Autoridade Palestina teriam concordado em ceder autoridade sobre a Esplanada das Mesquitas - terceiro local mais sagrado do Islã -, aceitado a existência de assentamentos em terra palestina e abdicado do direito de retorno de parte dos refugiados palestinos. O porta-voz do Hamas, Sami Abu Zuhri, disse que a reportagem da TV árabe demonstra como a Autoridade Palestina buscou "eliminar a justa causa palestina".

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Em Ramallah, partidários do Fatah tentaram invadir um escritório da Al-Jazira e queimaram bandeiras da emissora. O presidente da Autoridade Palestina Mahmoud Abbas, por sua vez, negou taxativamente ter oferecido concessões secretas a Israel. Após um encontro com o presidente egípcio, Hosni Mubarak, no Cairo, o líder palestino acusou a Al-Jazira de divulgar documentos contendo as posições israelenses como se fossem palestinas.

Em Israel, analistas classificam os documentos como originais. Segundo repórteres do Canal 2, o material teria sido vendido à rede de televisão por um ex-funcionário da Autoridade Palestina e exposto com o objetivo de "destruir a credibilidade" de Abbas. Para Israel, a exigência palestina de parar todas as construções em assentamentos na Cisjordânia perdeu força após a publicação das supostas mensagens secretas. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.